quarta-feira, 4 de maio de 2011

MEDO DO EURO ACABAR – COMPRAR DíVIDA DA EUROPA ORIENTAL

Enquanto os países da periferia da zona do euro se estão a afogar num mar de dívidas e relutância investidora, a Europa Oriental que há dois anos chocou os mercados está agora a brilhar longe dos holofotes.
Alguns dos países da região precisavam de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, mas as quantidades comparadas eram menores em relação agora ao socorro necessário para os países mais fracos da zona do euro.
Todos, com excepção da Polónia, passaram por profundas recessões, desemprego crescente e cortes nas despesas do governo sem piedade, mas conseguiram sair do outro lado em melhor forma do que muitos dos membros mais fracos da zona do euro, de acordo com analistas.
"Eu diria que o retorno de investimento na região é uma notícia positiva, isso cria um potencial de crescimento muito melhor", disse Juraj Kotian, o co-diretor de pesquisa macroeconómica na Erste Group.
Já há um ano, o incumprimento de swaps de crédito (CDS) ou o custo do seguro contra o incumprimento das dívidas para o Leste Europeu eram muito mais baratas que o das economias periféricas da zona do euro, enquanto as agências de rating ainda mantém altos índices nas últimas.
Entretanto, as agências reduziram as classificações dos países da zona euro, como Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, mas tem sido mais lentas em aumentarem a classificação para a Europa Oriental.
A Roménia, por exemplo, ainda é avaliada abaixo do grau de investimento, ou "lixo", mas as sua CDS são 200 pontos-base, enquanto o grau de investimento avaliado para, Portugal rondam em torno dos 500 pontos-base . A classificação da Grécia, entretanto desceu abaixo da Roménia e um recente relatório classificou a sua dívida pela segunda vez como uma das mais arriscadas do mundo numa lista elaborada.


Mercados um passo à frente


"Eu acho que a actual tendência de agravamento da notação mostra que os mercados estão um passo à frente das agências de rating na avaliação do risco", disse Kotian. O O deficit na conta corrente da Roménia diminuiu quando a crise a atingiu de 13% cento para 5% em apenas dois anos com aumento de desemprego e uma dolorosa contracção económica grave. Mas agora o país é menos dependente de financiamento externo, e vai começar a crescer novamente, de acordo com Kotian.
O governo está empenhado em prosseguir as reformas e, o FMI estima que "as medidas marginais " só são necessárias para trazer o deficit orçamental do próximo ano para 3 por cento do produto interno bruto. A Hungria no centro da tempestade uma vez fez provavelmente os maiores progressos, tanto no corte de despesa como na redução do seu deficit.
Para investidores que procurem exposição alemã, sem o euro "Se estão procurando um porto seguro e estão preocupados com o desmembramento da área do euro, devem ir para a República Checa, que é uma proximidade muito boa para a Alemanha, sem o euro", disse Kotian.
Na Europa Central e Oriental, as empresas estão "significativamente menos endividadas" e mais rentáveis do que na Europa Ocidental, segundo uma pesquisa da Erste Bank, que também mostra que as empresas na Irlanda, Espanha, Portugal e Bélgica, são os sectores mais endividados.
Entre as principais adversidades que enfrenta a Europa Oriental é o perigo colocado para as exportações por um enfraquecimento da área do euro e a exposição enfrentada especialmente pela República Checa e da Eslováquia, que são grandes exportadores e os preços elevados do petróleo, de acordo com Kotian. A região também é passível de sofrer no caso de uma reversão do risco em matéria de comércio, quando os investidores decidirem tirar capital dos países e activos percebidos como de maior risco, avisaram os analistas do UniCredit.
"A Polónia e a Turquia destacam-se como sendo os dois países mais vulneráveis em termos de uma saída de capital em caso de deterioração do apetite pelo risco a nível global."

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