terça-feira, 31 de maio de 2011

DISCURSO DO SR. PROF. ANTÓNIO OLIVEIRA SALAZAR - QUALQUER SEMELHANÇA COM OS DIAS DE HOJE É PURA COINCIDÊNCIA

OS GRANDES PROBLEMAS NACIONAIS E O SEU ESCALONAMENTO NECESSÁRIO (1928). (Discurso aos oficiais da Guarnição Militar de Lisboa, em 9 de Junho)

Estamos hoje numa situação má. Di-lo toda a gente e era escusado: na vida individual, na qualidade e na pública as dificuldades que dessa má situação resultam sentem-se, palpam-se, todos nós lutamos com elas.
Vamos relacionar, para melhor ajuizarmos, todo este mal-estar, com quatro problemas fundamentais: o financeiro, o económico, o social e o politico. Pu-los por esta ordem e isso não foi arbitrário da minha parte; esta simples disposição revela uma orientação definida. È certo que não é possível fazer boas finanças sem boa política: que uma finança sã requer uma economia próspera; que a questão social; agravada por sua vez, prejudica os problemas financeiros e económicos. Mas, porque não podemos resolvê-los todos de uma só vez, necessário é discutir e assentar na ordem e solução. Essa ordem será indicada, na interdependência das causas e dos efeitos dos problemas, em harmonia com a causa dominante. É sabido que as emissões exageradas desvalorizam a moeda. E o que è essa desvalorização? É o metro elástico introduzido na vida económica. Suponhamos um comerciante a vender com um metro elástico. Acontecia que umas vezes ficava roubado o freguês e outra seria prejudicado o comerciante. Pois as altas e baixas das moedas opera delapidações semelhantes. Com uma moeda instável não há economia que vingue e possa prosperar. Por este processo se tornou o Estado o grande inimigo da economia nacional.
Atravessamos uma grave crise económica, cujas principais causas foram essa instabilidade monetária, a alta dos juros do dinheiro e a escassez provocada pela desvalorização da moeda, que ao mesmo tempo que opera na sociedade transferências de fortunas, consome em geral grandes somas de capitais. O comércio e a indústria tiveram durante algum tempo disponibilidades enormes: parecia que os comerciantes não acabavam de enriquecer. Todas as empresas pareciam prósperas; afinal muitos vieram a verificar que se tratava de riqueza ilusória e estavam na verdade empobrecidos: tinham distribuído e gasto o seu próprio capital. Salvaram-se das despesas apenas aqueles que em dada altura conseguiram converter os lucros em valores estáveis. E o Estado, que perdeu muito, ganhou também alguma coisa – a diminuição da sua dívida corresponde ao valor em que lesou os seus credores.
Todos estes males têm somente uma cura – a estabilização da moeda, e esta é impossível. Independentemente da solução do problema financeiro. Da não resolução do problema financeiro e económico resultou como não pode deixar de ser, graves perturbações sociais.
O problema social é o problema da distribuição de riqueza, que não tem solução vantajosa sem o aumento da produção. Salvo o caso de parisatismos económicos, que devem ser evitados e corrigidos, só o aumento de riqueza pode favorecer a solução da questão social. Finalmente, o problema político. Andamos há muitos anos em busca de uma fórmula de equilíbrio e ainda não conseguimos encontrá-la. È como se diz que “em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”, as soluções políticas são mais difíceis estando agravados os problemas financeiro, económico e social. Não há mesmo formas políticas que satisfaçam uma sociedade em que aqueles problemas estão a reclamar urgente solução, porque a verdade é que encontrar a fórmula de equilíbrio depende da organização prévia das diferentes forças económicas e sociais.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A CRISE DO DÓLAR AVIZINHA-SE


INVESTIDORES DEVEM COMPRAR NA BOLSA SUIÇA?

O índice S&P 500 e o índice MSCI dos mercados emergentes estão ambos sentados sobre os ganhos saudáveis desde o início do ano, mas o Swiss Market index tem um limite de amplitude à volta dos 6.500 pontos. Por quê? Um analista acredita que é tudo para baixo por causa do dólar fraco. "A principal razão é a forte depreciação do dólar dos EUA. O dólar perdeu mais de 10 por cento do seu valor face ao franco suíço desde Dezembro de 2009 ", disse Philipp Bärtschi, o estratega-chefe da Sarasin, em Zurique, num relatório.
"Considerando os ganhos estimados para as acções nos EUA subiram em mais de 30 por cento desde Janeiro de 2010, mas subiram insignificante 4% para as acções da Suíça." "Esta discrepância é devida principalmente à forte valorização do franco suíço. Inversamente, a desvalorização do dólar teve um efeito positivo sobre o lucro das empresas nos EUA " "Agora que passamos o pico do ciclo económico, o desempenho relativo histórico mudou-se das posições cíclicas para os sectores defensivos"
"Os vencedores nos próximos meses são provavéis que sejam os cuidados de saúde e os sectores básicos de consumo, que têm um peso forte no mercado accionista suíço", disse Bärtschi.
"Visto que nós não esperamos que as taxas de juros na Suíça, tenham um acentuado aumento nos próximos trimestres, o prémio de risco sobre as acções, medidas como o rendimento do juro menos o rendimento das obrigações, é provável que permaneçam historicamente elevadas".
"Devido ao prémio de risco continuar alto, o dinheiro deve continuar a fluir a partir do mercado de títulos nos mercados de capitais, apesar das preocupações conjunturais. Dado o nível actual taxa de juro, esta tendência deve ser particularmente acentuada na Suíça ".

domingo, 29 de maio de 2011

O CAOS ESTÁ AÍ COM A MENTIRA E A INCOMPETÊNCIA

Segundo o dicionário português, da Porto Editora, 2ª edição”mentiroso” significa: aquele que diz mentiras; impostor, falso; aparente. Ora para se completar tal definição teremos que a enquadrar com o que significa “mentira”.
No mesmo dicionário sobre o significado de “mentira” consta o seguinte: acto de mentir; afirmação contrária à verdade; engano propositado; negar o que se sabe ser verdade; peta; ilusão; embuste; erro.
Verificamos que o Sócrates afirmou na televisão para quem o ouviu de viva voz, o seguinte:
Nunca seria primeiro-ministro com o FMI em Portugal. Porém deparamo-nos com o FMI a intervir em Portugal. E também nos deparamos com o Sócrates a concorrer à frente do seu partido para as eleições legislativas.
Perante isto interrogamo-nos: é ou não o Sócrates um mentiroso? Mas mais o Sócrates referia que não era necessário o FMI intervir em Portugal. No entanto sabemos que não fora essa intervenção e não havia dinheiro para pagar a dívida de Portugal aos credores e pouco havia que não chegava para pagar aos funcionários públicos e aos militares.
Ora, tal leva-nos a conhecer no mesmo dicionário o significado de” incompetente”.
Assim, no mesmo dicionário o significado de incompetente: aquele que não é competente; sem capacidade; sem idoneidade; inábil; com falta de rigor. Acontece que quem deixa chegar Portugal ao ponto a que chegou, ou seja não ter dinheiro para pagar o que deve aos seus credores e a quem para si trabalha, sem que tenha pedido ajuda mais cedo, para evitar juros de empréstimos mais caros, por certo, não é pessoa competente pois, prejudicou o País e os Portugueses submetidos a impostos mais elevados. Logo, colocam-se as seguintes questões?
- O Sócrates é mentiroso?
- O Sócrates é incompetente?
- Quem vota num incompetente, dá ou não cobertura à incompetência?
- Quem vota num mentiroso, dá ou não cobertura à mentira?
De mentirosos e incompetentes está Portugal cheio e são esses que procuram a todo o custo manter-se no poder para com ele através da mentira e da incompetência fazerem sobreviver, institutos, empresas públicas, fundações, empresas públicas e empresas municipais no estado de falência/insolvência, com o Povo a suportar com o aumento de impostos toda esta incompetência e mentira.
Contudo, quando alguém mente e se convence que fala a verdade, então a situação tem que ser encarada no plano patológico e a carecer de tratamento psiquiátrico. Grave é se a mentira a incompetência são adoptadas conscientemente com o intuito de enganar os Portugueses.







sábado, 28 de maio de 2011

JIM ROGERS - O REINO UNIDO IRÁ PRECISAR DE AJUDA FINANCEIRA EM BREVE

O Reino Unido não está a reduzir o seu défice estrutural, ou a fazê-lo o suficiente rápido pelo que pode precisar de uma ajuda dos seus parceiros europeus, disse o investidor Jim Rogers. Mas os analistas no Reino Unido contestam esta opinião, dizendo que as medidas de austeridade foram suficientes.
Rogers disse que a coligação do governo no Reino Unido tem de ir mais longe, a fim de evitar a catástrofe financeira. “O governo não está a fazer isso. Estão a dizer que estão a fazer isso mas não estão. Estão a salvar £ 1.000.000.000 (US $ 1,6 biliões) aqui ou ali, mas não estão a fazer o que realmente é preciso e não tenho a certeza se o governo iria sobreviver ao tipo de dor que é realmente necessário ".
"Como pode o Reino Unido alguma vez pagar a dívida que é continuamente crescente? O Reino Unido vai precisar de ajuda financeira brevemente. Tem a vantagem de que a sua dívida é de longo prazo, mas vamos supor que o governo mantém estes planos de austeridade e vai começar a colocá-los no lugar, as pessoas vão começar a reclamar ". "O governo iria começar a perder eleições, e o governo poderia cair, então o quê?"
"Gostaria de rejeitar categoricamente a ideia de que as medidas de austeridade não vão suficientemente longe", disse Peter Dixon, economista do Commerzbank."O assunto da matéria é que temos um aperto fiscal equivalente a cinco por cento do PIB, numa altura em que a recuperação económica é muito fraca." "Em termos de uma ajuda financeira isto mostra uma falta de compreensão da economia do Reino Unido. O Reino Unido tem o controle de sua própria moeda, não é parte do euro, pelo que a reestruturação da dívida não vai acontecer", acrescentou.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

CHINA INTERESSADA EM COMPRAR FIANÇA EXTERNA EUROPEIA EM OBRIGAÇÕES

Os investidores asiáticos, incluindo o governo chinês espera-se que representem uma "forte proporção" dos compradores de títulos de obrigações portuguesas, quando a zona do euro começar com leilão do fundo de resgate de € 440.000.000.000 no próximo mês.
Klaus Regling, director executivo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FESF), disse aos jornalistas na passada quarta-feira que Pequim é "claramente interessada" nos leilões de dívida Portuguesa e que esperava que a China participe. Argumentou que o interesse intenso da Ásia e de outros investidores internacionais mostraram a renovada confiança no futuro do euro como moeda. Mas o Sr. Regling reconheceu que a principal motivação de investidores asiáticos era encontrarem novos investimentos seguros para colocarem as suas quantidades de dinheiro crescentes.
A " [Ásia] é uma região que tem dinheiro para investir no resto do mundo". "Eles não querem investir numa só moeda, nem querem apenas utilizar uma só classe de activos. Chegaram à conclusão de que é uma boa maneira de diversificar. "
As autoridades chinesas já manifestaram interesse em investir em activos europeus, como forma de diversificarem as suas participações em dívida soberana e outros fundos de investimento, que, historicamente estão concentrados em activos em dólares. Embora Pequim tenha reconhecido que continua a ser um suporte importante em títulos soberanos Portugueses e Gregos, as autoridades chinesas têm sido relutantes em divulgar na Europa, onde farão os investimentos.
Christophe Frankel, director financeiro do EFSF, confirmou que a China participou no seu leilão no passado mês de Janeiro, que arrecadou dinheiro para a ajuda financeira da Irlanda , mas recusou-se a revelar o quanto investiu Pequim.
O envolvimento da China em títulos classificados de Triplo A emitidos pelo fundo de resgate poderá ser uma indicação de Pequim que está a concentrar-se em activos muito seguros, e não nos mais arriscados títulos soberanos de países como a Irlanda, Portugal e Grécia.
Os Líderes da União Europeia expressaram esperança de que as compras chinesas de títulos soberanos poderiam ajudar a mudar o sentimento do mercado contra a "periferia" da Europa.
O Sr Regling falou mais à frente do que é esperado ainda para se tornar nos mais movimentados meses para o fundo de ajuda financeira ", criado no ano passado na sequência da implosão da dívida da Grécia.
Ele vai realizar o primeiro leilão para arrecadar fundos para o recém-aprovado € 78.000.000.000 ajuda financeira Portuguesa, em meados de Junho, oferecendo € 3 biliões a € 5 biliões primeiro que o fundo vai leiloar na maturidade de 10 anos.
O EFSF deverá realizar um segundo leilão para Portugal até ao final do mês, que também irá aumentar até € 5 biliões. O segundo leilão será de títulos de maturidade de cinco anos. O movimento, que vem logo após o resgate foi aprovado pelos ministros das Finanças da UE na semana passada, reflecte a necessidade urgente de Lisboa de dinheiro, no valor de cerca de € 10 biliões em dívida que vence até ao meio do próximo mês.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PORTUGAL DESCE TRÊS LUGARES NA COMPETITIVIDADE

Portugal perdeu três lugares no ranking mundial de competitividade do IMD este ano, ocupando agora a 40ª posição, num universo de 59 países analisados divulgado recentemente.
De acordo com a classificação do International Institute for Management Developemente (IMD) no World Competitiveness Yearbook, no ano passado Portugal ocupava o 37º lugar.
Sobre o desempenho da economia portuguesa, o estudo destaca os seus pontos fortes e fracos. Do lado das fragilidades, o IMD aponta o fluxo de investimento directo, as exportações de bens e a taxa de desemprego, entre outros. Em termos positivos, o IMD sublinha as receitas de turismo, a inflação e a taxa de emprego, entre outros. No que respeita a eficiência empresarial, destaca a percentagem de mulheres empregadas, os activos da banca ou a renumeração dos gestores como factores positivos, enquanto as fragilidades assentam no empreendorismo, a experiência internacional, as PME ou a adaptabilidade das empresas.
Segundo o estudo a recuperação dos mercados financeiros lançou os EUA de volta para a liderança do ranking, em simultâneo com, Hong Kong, à frente de Singapura (agora em 3º lugar, após ter assumido o 1º em 2010).
Para ver a classificação clique aqui



terça-feira, 24 de maio de 2011

BILL GROSS - OS INVESTIDORES EUROPEUS DEVEM ACEITAR UM INCUMPRIMENTO “LEVE”

Os credores privados, incluindo os bancos da zona do euro, devem aceitar uma prorrogação de dívida ou outra forma de "ligeiro incumprimento" para aliviar o peso da dívida de países como a Grécia, se a Europa quer uma solução para a crise da dívida soberana, disse Bill Gross, fundador da PIMCO(Co-founded Pacific Investment Management).
"Não iria tão longe ao ponto de sugerir que a Grécia ou qualquer outro país sair do euro". "O que eu acho que precisa ser feito.... é para os credores privados e bancos da zona euro ... para terem um prolongamento de dívida ou algum tipo de incumprimento suave que alivie a carga para estes países."
Admito que é difícil sugerir para países que como a Alemanha, que têm sido mais directa e fiscalmente conservadora, dever ajudar os países periféricos.
"Mas se eles querem uma solução consolidada, é então realmente o caminho a percorrer".
"Países como a Grécia e a Irlanda estão sujeitos à moeda euro e não podem baixar seu elevado endividamento em relação ao PIB, oferecendo taxas de juro baixas para negativo de tal forma que um país pode pagar a sua dívida por um crescimento real".
Isto poderia fornecer uma solução. "É uma forma bastante oculta e sorrateira para fazê-lo, mas é bastante eficaz."
Apesar das preocupações os bancos europeus assumiram um risco muito grande e não serão capazes de resistir a choques futuros da economia, pelo que acredito que eles são um investimento atractivo.
Os investidores de obrigações precisam procurar por oportunidades do ponto de vista das divisas, onde as taxas de juros reais são altos em oposição a baixas ou negativas.
"Nós estamos a olhar para moedas e títulos nas divisas que oferecem altas taxas de juros. O Brasil faz isso em 6-7% real.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

MENOS 111 MIL EXPLORAÇÕES AGRICOLAS EM PORTUGAL

Em dez anos o número de explorações agrícolas diminuiu em 27%, ou seja uma em cada quatro cessou actividade. De acordo com o recenseamento agrícola de 2009 divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2009 foram recenseadas 305 mil explorações agrícolas, menos 111 mil que em 1999.
De acordo com o INE o desaparecimento das pequenas explorações com menos de um hectare (10.000 m2) atingiu os 41%, baixando para os 24% nas unidades produtivas entre um e cinco hectares. Em contrapartida o número de explorações com mais de 100 hectares registou um aumento na ordem dos 6%. O desaparecimento das pequenas explorações é explicado pelo INE, em parte, pela absorção das respectivas superfícies pelas explorações de maior dimensão.
A dimensão média por exploração passou dos 9,3 hectares, em 1999, para os 12 hectares, dez anos depois, mas é muito variável, de acordo com as regiões. Por exemplo, no Alentejo representam uma dimensão média de 51 hectares, enquanto que no Norte e Centro não ultrapassam os seis hectares e a Madeira regista o valor mais baixo 4.000 m2.
È também o Alentejo que mais contribui para o valor da produção total com 32%, sendo que esse valor é de 4,6 mil milhões de euros, seguindo-se a região Centro com 30%. Mais de dois terços das explorações efectuam monocultura.
Quanto á população e mão-de-obra agrícolas em 2009 totalizavam cerca de 793 mil pessoas, aproximadamente 7% da população residente e menos 36% da população agrícola recenseada em 1999.
Portugal tem dos produtores mais idosos da União Europeia em que 48% ultrapassam os 65 anos de idade. Na União Europeia cerca de 27% dos produtores tem mais de 65 anos. Em França representam apenas 13%, e na Alemanha, Áustria e Finlândia menos de 10%.
Os trabalhadores agrícolas sem serem familiares, no qual se incluem os trabalhadores permanentes e eventuais, contribuíram com apenas 20% do volume de trabalho agrícola em Portugal.

Comentário: O poder político diz que quer dinamizar a agricultura mas face ao enunciado não estou a ver como pelos seguintes motivos: falta de mão-de-obra mais nova, a maioria das propriedades rurais são muito divididas e de pequena dimensão o que dificulta o emparcelamento, a maioria das grandes superfícies esmaga os preços ao produtor o que dificulta a sua sobrevivência para além de pagar a 90 dias ou mais aos fornecedores e os seus produtos colocados à venda serem maioritariamente importados.
A agricultura para se desenvolver em Portugal teria que se rejuvenescer com gente jovem portuguesa ou então importarmos mão-de-obra estrangeira, o estado devia tentar proceder ao emparcelamento das propriedades e comprá-las aos proprietários que as tem ao abandono colocando-as de novo à venda para privados e devia dar incentivo e prioridade ao cultivo de produtos no qual o nosso território é favorável demarcando regiões (cereja, queijo, azeite, azeitonas, vinho, vinho espumante, castanha, cortiça, tomate etc.). Devia-se também proceder a uma segmentação de mercado no ramo alimentar para se poder exportar e sermos mais competitivos para além de ser preciso introduzir novas tecnologias nas culturas.
A independência alimentar de um País representa a sua soberania.

domingo, 22 de maio de 2011

WEM JIABAO PROMETEU AUMENTAR A OFERTA DE ALIMENTOS

O primeiro ministro chinês Wen Jiabao prometeu conter a inflação e punir o abuso de poder da polícia de Pequim e Xangai, para evitar os protestos planeados por revoltas inspiradas no Oriente Médio.
A liderança está "determinada" em punir a corrupção, que é muito concentrada nos funcionários do governo, disse Wen disse numa entrevista online com cidadãos chineses no site do oficial Xinhua News Agency . Wen prometeu aumentar a oferta de alimentos para manter os preços baixos, e combater a subida do preço dos terrenos que colocaram a casa própria ao alcance de muitos.
A crescente desigualdade representa uma ameaça para a estabilidade social . Respondendo assim aos pedidos lançados on-line para comícios nas principais cidades para protestarem contra a corrupção e desgoverno, inspirado pelas "revoluções jasmim", que levaram à queda dos líderes na Tunísia e Egipto .
A subida dos preços dos alimentos, o desemprego e a raiva contra a corrupção ajudaram a desencadear protestos que derrubaram na Tunisia Zine el Abidine Ben Ali, no Egipto, Hosni Mubarak e a revolta alimentada na Líbia contra, Muammar Kadafi.
Zhao Qizheng, que lidera a Comissão dos Assuntos Externos Consultiva do Povo Chinês, disse que a ideia de que haveria uma revolução jasmim na China era "absurda". Respondendo aos protestos ocorridos no passado 20 de Fevereiro, Ma Zhaoxu , um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sublinhou a China como exemplo no crescimento económico e sucesso na obtenção de padrões de vida.

A reacção do governo reflecte em décadas o seu longo esforço para manter a agitação em xeque através de uma combinação de crescimento económico, reformas sociais e repressão política, disse Nicholas Bequelin em Hong Kong, investigador na China para a Human Rights Watch.
Em carta aberta dirigida ao povo chinês nomeou uma série de reivindicações, incluindo a corrupção oficial, uma disparidade crescente entre ricos e pobres, a subida da inflação, casas caras e precário sistema de saúde.
Num debate de duas horas, Wen disse que a China vai controlar a inflação para controlar a liquidez, estimulando a produção agrícola e punir o açambarcamento e manipulação de preços, de acordo com o website da Agência Xinhua News. A inflação na China, um lar onde 150 milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, acelerou para 4,9 por cento em Janeiro de 4,6 por cento em Dezembro de 2010, excluindo os preços dos alimentos que aumentaram mais em pelo menos seis anos.
Wen disse ainda que o país tem provisões suficientes e reservas cambiais para controlar os preços dos alimentos. A China também vai continuar a diligenciar esforços para conter a especulação no mercado imobiliário e vai usar nova legislação económica contra o açambarcamento das terras.
Os preços das casas em Janeiro subiu em 68 das 70 cidades chinesas, controladas pelo gabinete de estatísticas, desafiando medidas como exigências de pagamento mais elevadas e limites de compra de propriedade emitidos pelo governo para travar os aumentos. Wen disse que as medidas estão a tornar-se mais eficazes e está confiante no controle dos preços.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

OTELO - O REGIME ESTÁ A CRIAR CONDIÇÕES PARA SER ABATIDO

O operacional do 25 de Abril diz que "se o FMI atingir os militares pode criar condições para uma revolta" Eduardo Lourenço, que assina o prefácio do livro "O dia inicial", escreve que o 25 de Abril foi "o dia de pura glória de Otelo e não terá outro maior". Talvez por isso Otelo Saraiva de Carvalho insista na ideia que, no dia 26, a sua missão estava cumprida e o seu desejo era voltar a dar aulas na Academia Militar. Não foi assim e, 37 anos depois, Otelo defende, com a mesma convicção de outros tempos, a democracia directa e justifica os excessos do PREC. "Exorbitei muitas vezes as minhas funções, eu reconheço isso, mas a revolução era para se fazer ou não?", diz a certa altura desta conversa o operacional de Abril, que, perante a insistência sobre os métodos utilizados durante o chamado período revolucionário em curso, remata com um "tinha de ser assim, pá". Foi nessa altura que mudámos de assunto para falar do país, do FMI, do governo ou das próximas eleições. Otelo resume o que pensa e sente numa frase: "O desgosto é grande."

No livro "O tempo inicial" relata o fim da acção que desenvolve no Posto de Comando e sublinha que ficou sozinho. Às 13 horas do dia 25 de Abril, quando toda a gente festejava nas ruas, o Otelo era um homem só?

Aquela gente toda que estava no Posto de Comando saiu para ir ver a alegria que estava nas ruas e eu dei comigo sozinho. Arrumei as coisas - as granadas e as pistolas que tinham para ali ficado - e fui-me embora. Estava sozinho. O Sanches Osório e o Lopes Pires disseram, mais tarde, que estiveram lá até ao dia 27, mas quando eu saí não estava lá ninguém. Apaguei a luz, fechei a porta, meti-me no carro e fui para casa. A minha missão estava cumprida.

E foi para casa?

Fui. Eu despedi-me da minha mulher no dia 23 e fui dormir à Pontinha nessa noite por uma questão de precaução. No dia 24 fui para o Posto de Comando. Na noite de 23 a minha mulher não sabia ainda o que eu era no movimento e expliquei- -lhe: "Vou fazer uma revolução. Aqueles papéis que eu andava a escrever estão relacionados com as missões que estão distribuídas e eu vou coordenar. Eu vou amanhã iniciar a revolução."

Estamos numa situação de crise grave. Não só financeira, como económica e política. Há o risco de haver uma nova ruptura como no 25 de Abril de 1974?

Estão a ser criadas condições para isso. Curiosamente o poder capitalista acaba sempre por se encaminhar para o suicídio. Estes regimes capitalistas, regimes da burguesia, têm tendência para isso. Vão sempre encontrando novas formas de se manter no poder, mas a verdade é que se vão suicidando.

Encontra algum paralelo entre o fim da ditadura e os tempos que estamos a viver?

Talvez pela teimosia na continuidade de uma política que já não é aceite. O aumento do desemprego e do custo de vida, que leva a uma cada vez maior dificuldade do povo, pode levar também a uma eclosão social que, sendo do tipo de uma insurreição popular sem nenhuma organização, sem nenhum comando, pode levar a um desastre. Por outro lado, se houver algum comando sobre essa insurreição levada a cabo ou por partidos ou por Forças Armadas pode vir a transformar-se numa nova ditadura. Correm-se sempre riscos, mas é o próprio regime que vai criando condições para ser abatido. Foi o que aconteceu com o fascismo em Portugal, que demorou muito tempo, mas acabou por acontecer.

Imagina hoje as Forças Armadas a tomarem alguma posição contra o regime?

Não, as circunstâncias são diferentes. Em 1974 as Forças Armadas estavam numa guerra colonial e era obrigatório o serviço militar. Com excepção do quadro permanente, os outros eram compelidos à prestação do serviço militar e quando se dá a oportunidade de alterar o sistema essa massa enorme tem tendência a apoiar uma acção deste género. Actualmente as Forças Armadas têm corpos de voluntários - houve uma redução enormíssima do número de efectivos - que ganham ajudas de custo e estão bem. Só se poderá criar condições no âmbito militar para uma revolta se o governo, a certa altura em desespero, começar a reduzir as vantagens económicas. Começar a reduzir os salários, as pensões ou a retirar regalias como o 13.o mês ou o 14.o mês.

O que pode acontecer com as medidas de austeridade que estamos a negociar com as instituições europeias?

O que vai acontecer agora, com a intervenção do FMI, se atingir os militares pode criar condições para uma revolta.

O Otelo chegou a ser convidado para primeiro-ministro?•
Fui convidado para tudo, mas recusei sempre.

A verdade é que houve muita gente que não gostou que o Otelo tivesse ultrapassado os seus poderes.

Essa exorbitância decorreu naturalmente pelo facto de durante o PREC [Período Revolucionário em Curso] ter havido uma desresponsabilização total de todos os sectores da actividade pública. Os ministros existiam não sei para quê. Vinha gente ter comigo ao Copcon a dizer que era preciso resolver o problema na fábrica, porque o administrador tinha fugido para o Brasil com o dinheiro, e eu dizia que isso era com o Ministério do Trabalho, mas eles de lá diziam que o Copcon é que resolvia. As ocupações do Alentejo começaram por uma decisão minha. Os trabalhadores vieram ter comigo a dizer que estavam à rasca, porque se ouvia falar muito da reforma agrária, mas a verdade é que os latifundiários todos os dias estavam a levar o gado e a deixar as terras abandonadas.

Hoje reconhece que cometeu muitos excessos?

Reconheço, mas faria tudo outra vez. Não me arrependo daquilo que fiz. O único excesso que podia ter evitado foram os mandados de captura em branco, mas tinha uma diversidade tão grande de funções que não tinha a possibilidade de fazer tudo ao mesmo tempo?

Eu era a única entidade no país que podia assinar mandados de captura. Ora eu era comandante da Região Militar de Lisboa, era comandante do Copcon. Eu saía do Copcon às quatro da manhã e no outro dia já lá estava às nove. E se fosse preciso um mandado de captura a meio da noite? Eu pensei que era preciso racionalizar e deixava dez mandados de captura por preencher. Foi uma decisão do Costa Gomes. É uma ordem que me é dada e o Costa Gomes invoca a legitimidade revolucionária. A Constituição tinha sido abolida. Uma revolução ou se faz a sério ou não e não podemos aplicar num processo revolucionário os ditames de uma democracia. Tinha de ser assim, pá.

Candidatou-se à presidência da República sem o apoio de nenhum partido. Não queria o poder, mas candidatou-se a Presidente...

Sabia que tinha poucas hipóteses de vencer com um candidato como o Eanes, que eu não tinha dúvida de que iria ganhar à primeira volta. Concorri para saber o que é que as minhas ideias valiam perante o povo. A ideia era uma democracia participativa, com as pessoas a participarem activamente e diariamente e não só de quatro em quatro anos.

Disse que se soubesse como o país ia ficar não tinha feito o 25 de Abril. Arrependeu-se?

Eu reportei-me à situação em que vivíamos antes do 25 de Abril para dizer que os jovens de hoje, que são obrigados a emigrar, estavam numa situação idêntica à nossa com uma guerra injusta. E o que digo é que se não tivesse havido o movimento dos capitães, eu isolado possivelmente teria sido obrigado a sair do país e não teria feito a revolução.

Vasco Lourenço diz que essa declaração é incompreensível.

Por causa dessa frase, que foi explorada como um sound byte, tenho recebido muitas mensagens a dizer que de facto a classe política pôs o país de rastos. A frase não foi bem entendida. O que eu digo é que as pessoas isoladas não conseguem um combate capaz de provocar alterações. Quando se juntam esforços então, sim, vale a pena.

Valeu a pena ter feito o 25 de Abril?

Sim, bolas. O derrube da ditadura e a possibilidade de sermos

Para ler a entrevista na totalidade clique aqui

quinta-feira, 19 de maio de 2011

MANIFESTAÇÕES EM ESPANHA CONTRA A ECONOMIA E O DESEMPREGO CONVOCADA ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS


MARK OBIUS - SITUAÇÃO DA EUROPA NÃO PARECE BOA

Os preços das commodities estão em trajectória ascendente, apesar da forte queda assistida nos últimos dias, e aumentará em dólares a longo prazo, enquanto que a situação da Europa "não parece boa", disse Mark Obius presidente executivo da Templeton Emerging Markets. "Nós temos uma aposta a longo prazo sobre mercadorias, simplesmente por causa da situação de oferta / procura. Claro que como eu sempre disse vão haver flutuações e às vezes irá ocorrer uma variação de 20 por cento, não mais que isso. Mas a longo prazo, não há dúvida, as commodities vão subir, em termos de dólares dos EUA ".
A força do dólar teria um impacto e um abrandamento do aumento dos preços das commodities em dólares. "Mas a longo prazo, a tendência é, definitivamente, em qualquer moeda, se será em dólares, euros, enfim... Claro que os mercados emergentes estão a beneficiar das moedas mais fortes e eles não sentem esse aumento em comparação com os EUA ".
Sobre a Europa, estou muito preocupado com um possível incumprimento da dívida da Grécia e a consequente difusão às outras economias periféricas, como Irlanda e Portugal. "Isto não parece bom. Infelizmente, o medicamento que está a ser aplicado é o mesmo medicamento que foi aplicado durante a crise asiática que como se sabe não funcionou. Tem que existir um crescimento, caso contrário não há como pagarem as suas dívidas ". “Portanto, é algo que espero que os banqueiros centrais europeus e os líderes pensem com cuidado".

quarta-feira, 18 de maio de 2011

COMO DEMOCRATIZAR OS PARTIDOS - PROIBIR A FILIAÇÃO PARTIDÁRIA AOS FUNCIONÁRIOS DO ESTADO

O Poder dos Partidos contradiz a sua Constitucionalidade

A moral despede-se da política. A democracia autodestrói-se. Os jornais tornaram-se no muro das lamentações. Povo e instituições queixam-se num lamuriar hipócrita e auto-enganador. É um masoquismo a espalhar-se e a encontrar satisfação numa queixa que não passa de masturbação.Isto constata-se tanto em Portugal como no mundo em geral. Por todo o lado se ouve muito boa gente a dizer que é preciso purificar o sistema Sócrates. Afirma-se que o “Pinóquio” manda vir e outros é que pagam a factura. Quem assim argumenta, omite, porém, que José Sócrates é o melhor produto dum sistema partidário em que para se subir no sistema se tem de deixar para trás uma ética séria e responsável. Olvida que para enganar se pressupõe alguém disposto a ser enganado e que a mentira, a curto prazo, dá bons rendimento para alguns organizados. Para mais, o povo não é tão povo que não consiga reflectir!
De facto, por toda a parte se tem a impressão que, em política, o trabalho de edificar e avaliar se tece com a agulha da mentira. Em democracia, no aparelho do estado e nas grandes instituições nacionais, as melhores colocações são submetidas à crença no partido. Para o constatarmos bastaria darmos um giro pela administração do estado e pelos conselhos consultivos (conselheiros de supervisão/fiscalização) de bancos e empresas ligadas ao Estado. Neles domina a razão partidária. Os arrabaldes da política, os locais de chefia, direcções encontram-se nas redes dos partidos: uma globalização interesseira, de interesse só para alguns. Com o tempo chegarão computadores e uma gestão burocrática de beneficiados do sistema, anexos a uma pequena elite, para substituir a democracia. E o argumento do preço dos eleitos até lhes quer dar razão! A alternativa artificialmente posta até convence qualquer preguiçoso mental: temos políticos corruptos a culpa é da democracia!
Em ministérios e administrações onde os camaradas do partido mandam, há dezenas de anos, qualquer controlo falha. Já não se fala do quarto poder! Este transformou-se em programa de entretimento. Coitado do Zé, seria injusto submetê-lo às dores de parto do pensamento.
Uma democracia séria, com um Estado que se preze teria de proibir a filiação partidária aos funcionários do Estado. Doutro modo andaremos a jogar à democracia.
Na era do relativismo total de valores torna-se anacrónica a argumentação dualista e a consequente posição partidária dogmática.
O global tem-se revelado contra o particular, só nos partidos não. Continuamos com uma moral imperialista nos partidos e nos parlamentos, quando ao povo se fala de abertura, globalidade, democracia, liberdade, igualdade e fraternidade.
Montesquieu dizia que poder só pode ser limitado com poder. O poder dos partidos emancipou-se do povo e da democracia. A nação criou a divisão de poderes no Estado mas os partidos ocuparam-nos com o seu pessoal em todos os órgãos decisivos. Só o poder do povo e da lei os poderá levar ao rego. Para isso pressupõe-se que o povo acorde e se torne adulto. Pressupõe-se uma Constituição política da nação não partidária e não favorecedora dos partidos mas do cidadão. Tal constituição torna-se impossível porque os partidos é que a votam e estes querem uma constituição repartida não inteira! A discussão sobre a crise actual, perante este facto, torna-se maculatura à custa da democracia.
Temos demasiados funcionários públicos no parlamento. Estes e uma estrutura partidária instalada no Estado levam o país à catástrofe e aniquilam qualquer ideia séria de democracia e de renovação.
Os partidos são apresentados por listas e não por candidatos individuais. O povo só tem a hipótese de eleger a lista. Não é dada possibilidade ao eleitor de fazer uma votação cumulativa e cruzada que ultrapasse os interesses do partido. Se houvesse esta hipótese o cidadão poderia escolher pessoas das diferentes listas e votar nelas, independentemente do partido em que se encontram.
Mesmo em democracia representativa, as leis não deveriam estar dependentes dos partidos.
Consta na rua que somos uma democracia; na realidade somos uma mera partidocracia. O rei da democracia anda nu na praça, mas só os inocentes o notam ou o podem dizer! Quando os alicerces da democracia são corruptos, como nos poderemos queixar da corrupção individual quando esta assenta na corrupção estrutural!
Na votação de leis, todos os deputados deveriam estar libertos da obediência forçada ao grupo parlamentar. De facto não somos democratas (demos=povo/cracia = governo) mas sim partidocratas. Os partidos recebem dinheiro para formarem a opinião do povo mas não para o doutrinar e dominar.
O povo não é melhor que os políticos mas espera deles bom exemplo. Quer ser enganado mas com estilo, com educação. Não chegam caras bonitas, exige-se também requinte na governação! E ultimamente até este se foi. Governa a descaramento e o cinismo como se fossemos todos uns anjinhos coitadinhos
É verdade que partidos de clientela, de obediência a ideologias, com uma práxis didáctica imperialista, têm fomentado um sistema corrupto de cara lavada, que tem permitido aos países ocidentais viver relativamente bem, a nível superficial. “Beneficiamos” aqui duma política impura mas rendosa, duma política hipócrita mas misericordiosa. Vivemos desta mais-valia pelo facto de outros sistemas, totalmente corruptos, não deixam sequer cair as migalhas da sua mesa para o povo! Esta menos-valia tem-nos desobrigado da auto-responsabilidade, afastando sistematicamente o pensamento crítico do discurso político em favor do pensar oportunista.

Que fazer, num sistema de partidocratas e não de democratas?

Constata-se uma dicotomia entre estado e sociedade. A esquerda activa é em grande parte formada por funcionários e empregados públicos. O centro direita também reserva lugares para os seus boys que, à margem da ideologia, se limitam a ocupar postos. Assim, neste sistema não há hipótese de discussão séria. Ouvimos por todo o lado as mesmas CDs.
O que está em questão é o Estado, cada vez mais à disposição dos abutres da globalização. Para uma cura da nação seria necessária uma reflexão e uma terapia neutra à base duma Constituição humanista e da doutrina social da igreja.
Mudar a classe política é tão difícil como mudar-nos a nós. No pântano da política a justiça não tem acesso e, se tal acontece, só lhe é permitida a entrada depois de terem arrumado a casa ou depois do limite legal.
Precisamos duma mudança radical de mentalidade para se possibilitar a criação de novas estruturas. Precisamos dum novo estado e duma nova nação. Seria mais que óbvio iniciar uma revolução ainda por fazer. Uma revolução sem saneamentos, sem educação para comportamentos oportunistas, sem imprensa ideológica em que a honra estaria em servir o outro. Uma revolução do Homem para o Homem, uma revolução das instituições para o Homem e não para os exploradores do Homem e da humanidade. Precisamos de homens e mulheres, homens e mulheres consciência da nação.
Como primeira medida, para que o bolor do Estado diminua, seria necessária uma lei que proíba funcionários do Estado de serem membros do partido ou pelo menos que só possam eleger mas não serem eleitos durante 20 anos. Os funcionários do Estado não deveriam ter direito passivo nas eleições. Qual o partido que teria coragem de tal iniciativa? Então deixaria de ser partido para passar a ser povo, a ser cidadão.
Uma política e uma sociedade que não baralhasse causas com efeitos, em países com uma Constituição democrática, teriam de pôr-se a questão da constitucionalidade / inconstitucionalidade dos partidos. Até lá o povo terá de crescer e tornar-se adulto!
A lealdade ao partido exige que o que hoje se apregoa como moral amanhã seja calado. Isto contraria o princípio democrático baseado no interesse e no poder do cidadão e não do partido.
Um novo pensamento e um novo ideário seriam a solução para o país, mas, para isso, seria necessário mudar as cabeças. O cidadão e as instituições continuarão a desacreditar-se ao exigir responsabilidade ao cidadão e ao aprovar a irresponsabilidade da instituição.



António da Cunha Duarte Justo

terça-feira, 17 de maio de 2011

JIM ROGERS - PREÇO DO PETRÓLEO CONTINUARÁ A SUBIR



NOVO MECANISMO DE ESTABILIDADE EUROPEIA NÃO RESOLVERÁ OS PROBLEMAS DA ZONA EURO

Groucho Marx certa vez perguntou: "Quem é que vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?" Aos vários líderes da zona do euro "é pedir aos que após a reunião questionam os seus anúncios triunfantes " Quem vai acreditar, o que dizer ou o que você claramente pode ver é a verdade? "
Considere o anúncio passado em que o novo Mecanismo Europeu de Estabilidade terá capacidade de empréstimo de € 500 biliões (704.000 milhões dólares americanos). A quantia parece certa. Vamos acabar com isto. O ESM terá € 700 biliões em empréstimos a fim de € 500 bilhões que constituem a sua capacidade de empréstimo. Isto porque os credores querem uma margem para que possam emprestar ao ESM a preços baixos, apenas no caso de alguns dos fiadores provar ser menos confiável. O ESM alega ter € 80 biliões em capital integral, mas, na verdade, apenas € 16.000.000.000 terá prontamente à mão, destes 80.000.000.000 € serão pagos em cinco anos, salvo, evidentemente nenhum governo estiver disposto a renegar os seus compromissos legais. Isso deixa 620.000.000.000 € de "capital comprometido exigível" a ser levantado.
O Governo de Portugal terá de adoptar um plano de austeridade para se qualificar para o ESM. A Grécia e da Irlanda combinadas garantem € 31 biliões. Isso mesmo, os dois países que estão na zona do euro, com suporte de vida. Portugal, que em breve se junta a eles, deverá contribuir com € 18 biliões. A Espanha, apesar de fazer um pouco melhor, está exposta a 77.000.000.000 € de dívida Portuguesa, os ratings de crédito de 30 dos seus bancos foram desclassificados, e assim continua na mira dos vigilantes das obrigações soberanas: e contando sobe para € 83.000.000.000. A notação de crédito da Bélgica, já está a ser questionada devido ao seu caos governamental e elevado défice, devido à queda de receitas em dinheiro e garantias no valor de € 24 biliões, e Itália mais 125 biliões de dívida soberana.
Se este mecanismo de ajuda não estiver disponível até meados de 2013, isto significa que Portugal, numa zona de governo livre, com os bancos a dependerem do Banco Central Europeu para os seus fundos, verão as suas classificações cortadas novamente pela Fitch e pela Standard & Poor’s, ficarão quase sem dinheiro e terão amortizações de dívida no valor de € 10.000.000.000 em Abril e Junho, pelo que terão de recorrer ao fundo de resgate já existentes. Não se preocupe: há o suficiente para financiar um resgate Português, mesmo sem o aumento acordado no actual sistema europeu de Estabilidade Financeira Facility (EFSF). Mas, para ser elegível para o dinheiro de resgate o novo governo terá de adoptar um programa de austeridade do tipo que o parlamento de Portugal acaba de rejeitar.
Os participantes na cimeira da zona do euro parecem ter concluído que, se na primeira você não morrer, continuam a cometer o mesmo erro. Se resgatar as economias com problemas não tranquilizam os mercados, assim, expandem o programa. Se os testes de stress aos bancos falharam deixando insatisfeitos os investidores, vão repeti-los.
Se você acredita com os seus próprios olhos ao invés dos comunicados de imprensa ministeriais, você pode ver o que deveria ser óbvio para todos, excepto aqueles que, se baseiam na prática do auto-engano que acredita na mentira. Grécia, Irlanda e Portugal, terão que reestruturar a sua dívida soberana.
O novo ESM novos irá oferecer assistência aos Estados membros ", que são atingidos ou ameaçados por graves problemas de financiamento, a fim de salvaguardar a estabilidade financeira da zona do euro como um todo." Qualquer risco a assumir pelo ESM, emprestando aos Estados membros sem liquidez e provavelmente insolventes "será controlado através de adequados activos e passivos."
Mas não há nenhum navio suficientemente forte para conter a fumaça tóxica do que é em essência uma derrogação da qualidade da folha de balanço da Alemanha, uma vez que garante os empréstimos dos países menos merecedores de crédito. Se isto não é uma violação da disposição do Tratado de Lisboa proibindo um país de assumir as responsabilidades do outro, é difícil pensar o que poderia ser. Mas isso é para os advogados decidirem. Os meros economistas só podem maravilhar-se com as cabeças do Estados da zona do euro afogadas na sopa de letras dos outros BCE, EFSF, ESM, do FMI e o que eu poderia ter perdido. O problema básico é a falta de competitividade dos países do sul. A taxa de abandono escolar em Portugal é o dobro da média da UE, e apenas 28% dos adultos têm o ensino secundário completo. Isto comparado com 85% na Alemanha. O trabalho relativamente não qualificado, do qual esses trabalhadores incultos são capazes há muito tempo que já se mudou para a Ásia, que é uma razão da economia de Portugal não ter crescido nas últimas décadas e agora estar a encolher. As outras são as suas taxas de tributação muito elevadas e a sua incapacidade de desvalorizar a sua moeda para reflectir a subjacente circunstância económica.
Nenhuns desses defeitos serão tratados pelo governo económico que Sarkozy tem em mente. Na verdade, Angela Merkel respeitante à baixa de impostos sobre a Irlanda, representa um grande atractivo para os estrangeiros, investimento gerador de emprego, como "dumping fiscal". Um pouco do tal "dumping" pelos seus vizinhos do sul só poderia ajudá-los a cavar o seu caminho para fora do buraco cavado por eles, a combinação de um câmbio fixo, impostos elevados, e uma força de trabalho equipada apenas para um mundo distante.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

GEORGE GARLIN - NÃO VOTEM




POR FAVOR NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, NÃO VOTEM, VOTEM EM BRANCO OU ENTÃO EM PARTÍDOS PEQUENOS! É CONFRANGEDORA A CLASSE POLITÍCA ACTUAL PORTUGUESA! FALAM DOS PROGRAMAS ELEITORAIS MAS NÃO DIZEM QUAIS SÃO AS MEDIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS, O RESTO É CONVERSA PARA ENTRETER, CULPABILIZANDO-SE SEMPRE UNS AOS OUTROS.


O FIM DA TERCEIRA REPÚBLICA

1. Intróito

Esta é a crónica da morte anunciada da terceira República em Portugal. Neste caso, a notícia da morte nem sequer é exagerada. O regime começado pelo 25 de Abril faliu financeiramente pela terceira vez e politicamente de forma definitiva.
A maioria dos cidadãos ainda não se apercebeu que este recurso à ajuda externa é apenas o último sintoma do fim, que se vem juntar a muitos outros. Alguns sabem, mas fingem acreditar que o regime vai conseguir sobreviver, assim como quiseram fazer crer que era possível evitar a falência do estado, enquanto as dívidas continuavam a subir e a economia a descer. A nota necrológica está a ser escrita a cada declaração política irresponsável, a cada mudança de posição em cata-vento, a cada contradição desonesta, a cada ataque partidário, de cada vez que o interesse pessoal ou tribal é posto à frente do interesse do país. Como para a decisão de pedir ajuda ao Fundo Europeu e ao FMI, numa situação económico-financeira irrecuperável, o que tem que ser tem muita força. Os prestamistas não têm nem imaginação nem meias-medidas disponíveis, ou governo e oposição se entendem já sobre as condições propostas para pôr o país “no prego”, ou não há dinheiro. A negação da evidência só serve para perder tempo e agravar a situação.

2. O “Titanic” das utopias de Abril

Este país tornou-se num Titanic desgovernado, ferido de morte pelo iceberg da crise. O comandante mantém uma calma estudada e declarações encorajadoras. Os oficiais disparataram em múltiplas ordens contraditórias, até que o imediato mandou finalmente transmitir o pedido de SOS e lhes deu uma cartilha para repetirem em coro: a culpa não foi deles, foram os pinguins traiçoeiros que empurraram o iceberg contra o navio. A orquestra continua a tocar, os passageiros da primeira classe embarcam nas baleeiras, os passageiros da classe média hesitam em confusão, os passageiros da terceira classe ficam presos na sua impotência. Muitos pensam que, assim como o Titanic poderia ter evitado o iceberg se estivesse atento às comunicações exteriores, se cumprisse estritamente as regras da navegação e se a disciplina de bordo fosse mais rigorosa, assim a terceira República Portuguesa poderia sobreviver a mais esta crise. Mas a história faz-se de factos e não de especulações sobre o que poderia ter acontecido. Para quem conheça bem este país desde antes do 25 de Abril, tenha acompanhado com atenção os acontecimentos posteriores e disponha duma perspectiva abrangente e exterior, tornou-se progressivamente evidente que este fim era inevitável.

3. A história pendular das Repúblicas

Os regimes mudam, sempre como reacção à situação anterior, mas nem sempre para melhor. Como um pêndulo que procura o equilíbrio, mas que não o consegue enquanto for empurrado excessivamente para um lado ou para o outro das ideologias de organização social e política.A primeira República nasceu confusa, bem-intencionada mas terrorista, palavrosa mas anti-democrática, com algumas boas leis mas sem a autoridade de as aplicar. Quando acabou, o país estava arruinado, dividido, desanimado. A Segunda República foi voluntarista e autoritária, com ordem, contenção nas ambições e nas despesas, correspondendo à implementação das convicções tradicionais e pequenas burguesas dos seus mentores. Quando acabou, o país estava modestamente próspero mas atrasado, isolado e farto de ser um pião largado nas incongruências coloniais da guerra fria. A Terceira República começou com uma reivindicação conjuntural, um pequeno fogo que alastrou sobre o mato seco dum regime obsoleto, que tinha consciência de estar moribundo e por isso não resistiu à revolta de alguns dos seus centuriões. Como não há duas sem três, também está a acabar mal. Sob a pressão de movimentos populistas, tomaram-se decisões e criaram-se expectativas que estão a ser defraudadas porque o país não criou, nem cria, riqueza suficiente para as poder pagar.Esta República morre agora, porque o pêndulo estava antes demasiado para a direita, foi empurrado depois demasiado para a esquerda e ainda não se equilibrou.

4. A evolução deste Regime

Como é que este regime se pôde esgotar em pouco mais do que um quarto de século? Porque nasceu mal, cresceu torto e envelheceu precocemente. O presente regime nasceu no meio das grandes esperanças de gerações que se sentiam asfixiadas, a burguesia pela falta de liberdade de expressão e de participação política, o povo pelo atraso económico e social.
As organizações revolucionárias e depois partidárias, algumas extremistas e enfeudadas a interesses exteriores em competição geoestratégica, outras puramente nacionais com ideias generosas de justiça social, impuseram políticas populistas e utópicas que descambaram na colectivização dos meios de produção, nas nacionalizações, na destruição duma economia distorcida mas em desenvolvimento.
Cresceu nas contradições duma evolução desequilibrada, misturando o positivo e o negativo. Na competição política, todos os partidos aceitaram a surenchère de que se podia passar a viver imediatamente como os outros países europeus mais desenvolvidos, sem se preocuparem com a sustentabilidade, nem do processo de modernização, nem dos custos das medidas sociais. Esta recuperação dos atrasos anteriores resultou na liberdade de expressão, na arrumação partidária das ideologias, na abertura económica, no desenvolvimento das infra-estruturas e nas diversas protecções sociais, do emprego, da habitação, da educação, da saúde, das prestações de reforma, indigência e exclusão. Envelheceu precocemente porque houve um falhanço espectacular e terceiro-mundista na evolução das instituições, no desenvolvimento humano e no progresso económico. As revisões constitucionais andaram sempre atrasadas em relação aos tempos e as leis multiplicaram-se, atropelaram-se, desligaram-se da realidade, produzindo anomalias institucionais e uma justiça deficiente.
O povo não foi educado no equilíbrio dos direitos e deveres, nem no funcionamento duma sociedade avançada. O alargamento da educação a toda a população foi feito sem exigência de disciplina nem selecção pelo mérito, sem instrução de cidadania nem de respeito pelos valores de honestidade, de carácter e de responsabilidade pessoal na gestão dos seus interesses.Uma cultura social serôdia aspira às antigas regalias da nobreza, pretende que um curso ou uma licenciatura qualquer, em vez de serem apenas uma ferramenta, dêem direito a uma renda vitalícia na corte do rei, perdão, no funcionalismo público ou a privilégios tabelados nas empresas privadas.
A legislação do trabalho favorece os interesses colectivos instalados com os seus “direitos adquiridos”, em vez de recompensar o esforço, a criatividade individual e de encorajar o empreendimento. As políticas de habitação espoliaram os proprietários de imóveis, destruíram o mercado de arrendamento e arruinaram o centro das cidades. E por aí além.

5. O socialismo outra vez na gaveta

Como os pobres a quem sai a lotaria, gastam tudo disparatadamente e acabam depois a pedir, assim este regime começou por desbaratar a tesouraria anterior, teve que chamar o FMI e pôr o socialismo na gaveta para tomar as medidas necessárias para recuperar das duas primeiras crises financeiras, esbanjou os benefícios da entrada na comunidade europeia, com os juros baixos e os fundos de coesão, e acaba agora na terceira falência financeira.
O socialismo chega sempre ao fim quando se acaba o dinheiro dos outros, uma verdade que abarca a Europa, da Inglaterra de Thatcher à União Soviética de Gorbachev, passando pelos países do Sul que acreditam que haverá sempre alguém, sejam “eles” ou “os ricos”, para pagarem tudo a que se acham com direito. Acabaram-se primeiro as economias da governanta Salazarista, depois as transferências dos primos no estrangeiro e finalmente os dinheiros do casamento com Bruxelas.
Este “nobre povo” tem que mudar de mentalidade e começar a trabalhar a sério, a viver do que ganha e sem recurso ao crédito, a perceber que a educação e a saúde “tendencialmente gratuitos” não aparecem por milagre, a receber reformas proporcionais aquilo que efectivamente descontou para a velhice, a compreender que os subsídios do Estado são pagos pelos impostos de todos (todos... enfim, sejamos optimistas). A primeira das lições de cidadania deve informar que, em relação a cada cidadão, assim como em relação ao país inteiro, para que a economia possa crescer... é preciso produzir mais do que consome. Uma parte da população não sabe fazer e ainda menos cumprir, um orçamento pessoal ou familiar equilibrado, tornando-se presa fácil de todo o tipo de predadores, económicos e outros. Depois queixam-se que os governantes que elegem, não fazem melhor com o orçamento do Estado...

6. A humilhação e o sofrimento

Para o país, este é um tempo de humilhação internacional e de sofrimento nacional.A humilhação internacional é provocada pela trágica incompetência do governo na gestão da coisa pública, pela transparência infantil da estratégia usada por esse mesmo governo ao sacrificar o bem da nação à sua sobrevivência partidária no poder, pelo espectáculo lamentável de provincianismo nas querelas actuais da classe política, e sobretudo, humilhação maior e mais duradoura, pela imagem que fica de menoridade política dum povo
. Finalmente, pela falta de dignidade em deixar sem resposta e sem retaliação apropriadas, algumas declarações públicas de responsáveis de instituições e países, acerca de situação portuguesa. Mas onde estão os dignitários nacionais e a diplomacia? Há uma enorme diferença moral entre estar falido e ser pusilânime. O sofrimento nacional já começou com as meias-medidas dos PECs. Mas as condições impostas para o empréstimo do Fundo Europeu e do FMI, embora necessárias, vão ser muito mais duras de suportar para um país mal habituado ao esforço e à disciplina, sobretudo durante um longo período. As reestruturações do funcionalismo público, das empresas públicas e privadas, as privatizações, vão aumentar o desemprego. O aumento dos impostos, as diminuições de salários e pensões, o aumento dos juros dos empréstimos da habitação, a subida dos preços dos combustíveis e da alimentação, vai empobrecer as classes médias e desesperar os mais carenciados.
Neste momento o país pode recorrer à ajuda externa de quem puder, mas o peso das dívidas e dos seus juros já é tão grande que a economia não se pode desenvolver. A depressão económica é uma doença cuja agonia é dolorosa e lenta para toda a população, mas obviamente muito pior para os mais desfavorecidos e mais frágeis. É preferível o choque dum tratamento enérgico que salve e devolva a saúde o mais depressa possível. Esse choque implica o reconhecimento que é melhor declarar honestamente que o peso dos encargos é excessivo e que o barco pode ir ao fundo se não se deitar pela borda fora o excesso de carga, ou seja, a parte da dívida que não se conseguirá pagar. Quanto mais cedo melhor, menos sofre a população e mais depressa retoma a economia.

7. Estadistas precisam-se

O último governo e agora os partidos em competição eleitoral, debitam hipócritas encantações populistas em vez de assumirem a realidade. Sabem que as promessas não podem ser cumpridas, porque são contrárias aos compromissos já assumidos junto dos credores para negociar os empréstimos, mas continuam presos à narrativa duma realidade paralela.
Wishful thinking. Seria necessário que os cidadãos tivessem a clarividência de exigir aos partidos que estes apresentassem às próximas eleições apenas os candidatos a deputados que tenham adquirido experiência da vida real, competência profissional e credibilidade pessoal.
O país precisava agora de estadistas. A Europa precisa de estadistas. A maior parte dos países do mundo também. Infelizmente, as democracias produzem frequentemente líderes fracos, periclitantes sobre apoios populares transitórios, e as ditaduras fazem-se quase sempre de títeres corruptos, extremistas e desprezíveis.
Os estadistas não nascem nas árvores, nem nas incubadoras de confortos e privilégios partidários, nem no parasitismo dos favores cruzados com os negócios do estado. Os estadistas têm em comum uma educação de exigência e de liderança, o sentido do dever para com a colectividade, a perseverança em competição na sua realização profissional, o tempero do aço nas provações pessoais e na adversidade. Não cabem aqui, nem membros de nomenclaturas, nem boys, nem jotinhas. Só com personalidades credíveis e com consciência dos interesses nacionais, se pode esperar o que é agora indispensável: primeiro e imediatamente, os acordos necessários entre partidos para obter os empréstimos; depois das eleições, a escolha de governantes que saibam o que fazem, que ponham o bem futuro do país acima dos benefícios partidários e pessoais imediatos; e finalmente, o golpe de asa ou de rins, capaz de tomar a decisão difícil que se impõe, declarar a falência do estado, renegociar as dívidas e reformar o país para que a economia possa recuperar em bases mais sólidas.

8. Reestruturar a dívida

Reestruturar a dívida é a expressão politicamente correcta para uma declaração de falência. Funciona para um país, como para uma empresa ou uma família. Um acordo com os credores permite pagar uma parte e obter o perdão do resto. De forma a salvar o que é possível, antes que a economia se esgote na luta contra moinhos de vento.A definição de inteligência é a capacidade de aprender com os erros e corrigir o rumo. Basta olhar para os exemplos de outros países, mas mais especificamente a Grécia e a Irlanda (por estarem na zona Euro), para se perceber que Portugal já passou o ponto de não retorno, que apesar de todas as austeridades e todos os sacrifícios, haverá num futuro próximo necessidade de reestruturar a dívida.
Não é fácil nem agradável, durante algum tempo os mercados não se arriscam a emprestar e a torneira do crédito fecha-se. O financiamento só poderá vir dos clubes a que se pertence, como o Fundo Europeu e o FMI, que nunca perdem o que emprestam porque são os primeiros a ser reembolsados, e além disso estabelecem as regras da recuperação.Os países mais ricos, exportadores e parceiros da União Monetária, assim como os Bancos que detêm títulos de dívida dos Estados, detestam esta possibilidade. Desde que os países pobres e os pobres de cada país, forem pagando os juros altíssimos, porque hão-de querer mudar de regra?
É preciso quebrar o círculo vicioso, é preciso que haja estadistas que tenham a coragem de declarar que se quer reestruturar a dívida e já. Um pontapé no vespeiro europeu e o problema passa a ser também da União e dos Bancos de todos os países que têm dívida portuguesa. Aumenta a margem de negociação para poder fazer as mesmas reformas indispensáveis, mas com menor sofrimento para a população e maior possibilidade de crescimento da economia.
Encosta também à parede os países e as instituições europeias, de forma a acelerar o estabelecimento dum verdadeiro governo económico para a União. Se é preciso proteger o Euro, que beneficia todos os países europeus mas sobretudo os que mais exportam, porque hão-de ser só os países em dificuldades a sofrer as consequências de não poderem desvalorizar a moeda? Assim como o governo federal americano cria barreiras às consequências nacionais da falência individual dos Estados, como por exemplo através de obrigações federais, assim a Europa tem que impor regras de governo financeiro que penalizem os governos irresponsáveis, mas proteja, na medida do possível as populações de toda a União.Quando a economia estiver a crescer, os mercados ganham confiança e tudo volta ao normal, excepto que a vida para as pessoas também “normais” melhora mais depressa.

9. A Terceira República? Requiescat in pace.

Cada país que pede ajuda ao FMI e agora também ao Fundo Europeu (neste caso a Grécia, a Irlanda, Portugal e provavelmente amanhã a Espanha, para não mencionar outros países periclitantes) considera que o seu caso é especial, original, único. No entanto, a única novidade é estes países pertencerem a uma união monetária. Para quem conheça o trabalho do FMI e de outras caixas mutualistas dos Estados, estas são histórias repetitivas. A culpa nunca é de quem não se soube governar, de partidos que prometem mundos e fundos para ganhar eleições e depois gastam mais do que o país produz. A culpa é sempre de quem empresta e em troca obriga a viver dentro dos seus meios, pagar as dívidas, desenvolver a economia e cumprir as regras de bom comportamento no comércio internacional.
Os governantes sem visão e sem autoridade, necessitam do "papão" duma entidade exterior a quem atribuir a culpa das reformas necessárias mas dolorosas. Quase sempre a estratégia funciona, os eleitores são suficientemente infantis para acreditarem nessas tretas, como afinal acreditam em muitas outras. Mas os factores que entram no sucesso dos programas de ajuda externa, ou no seu falhanço, também são conhecidos. O sucesso vem da honestidade na avaliação, da celeridade do pedido, do acordo das forças políticas, da ordem social e da disciplina na execução dos programas. O falhanço é inevitável quando o desequilíbrio financeiro é excessivo, quando os juros dos empréstimos são demasiado altos e a recessão impede o crescimento da economia, quando o tempo necessário ao reembolso das dívidas não permite que a sociedade aguente os sacrifícios, quando os mercados se conluiam em alcateia com as agências de rating para atacar uma presa em dificuldade e lhe cortam todas as rotas de escape.
Quando a situação assim o exige, é preciso saber jogar o xadrez multi-dimensional e multi-lateral, jogar primeiro a favor da corrente, esperar o momento e então ter a coragem de dizer basta. Por agora, Portugal está sem dinheiro e precisa imediatamente dum empréstimo. Negocie-se com dignidade e obtenham-se as melhores condições possíveis com a ajuda do FMI, que neste caso é melhor aliado do que os Europeus que também vão emprestar os fundos e querem fazer um exemplo dos três irmãos pródigos, obrigando-os a pagar juros elevados. Mas, quando a corda não estiver na garganta, é preciso reestruturar a dívida.
Em geral, os países em dificuldade, ou mais especificamente as suas elites dirigentes, entram primeiro em negação, depois propagam esperanças fantasiosas e só tarde demais aceitam a realidade da situação. Durante todo este tempo é a população mais frágil que sofre as consequências do pretendido orgulho nacional, mas do muito real egoísmo das cliques governantes. No caso dos três países do Euro que estão neste momento na berlinda, a situação complica-se com as declarações dos responsáveis da União, que já mencionaram que mais tarde a reestruturação fará parte dos pacotes de ajuda. Quando o génio sai da almotolia, já não volta a entrar. Nem os mercados, nem ninguém de bom senso, acredita que as ajudas presentes não venham a seguir o mesmo caminho.
É nestes momentos que se distinguem os palhaços dos estadistas, nacionais e europeus. Os palhaços desperdiçam o tempo dos espectadores em falsas histórias e falsas querelas, apenas para prolongar o seu próprio tempo na pista. Os estadistas sabem negociar e eventualmente fazer bluff, na defesa dos interesses superiores das nações e da União. Sabem decidir a seu tempo as rupturas necessárias e tomar a responsabilidade de mudar de direcção. Foi na audácia de rupturas que nasceu Portugal e foi assim que sobreviveu a muitas crises da sua história. Esta é mais uma. Os portugueses precisam de esperança, precisam de estadistas que lhes mostrem uma luz no fim deste túnel em que entraram. A luz duma mudança de regime político, que reforme e actualize a Constituição, as instituições, as estruturas sociais e tudo o resto que daí deriva.
Venha a Quarta República o mais cedo possível. Como estamos ancorados na União Europeia e já não existe o perigo de fundamentalismos ideológicos prevalecerem, só poderá ser melhor do que a Terceira.



José Soromenho Ramos (Jornal do fundão)

domingo, 15 de maio de 2011

A FINLÂNDIA NÃO QUER EMPRESTAR DINHEIRO A PORTUGAL, PORQUÊ?

Não se trata de algum ódio, ou desrespeito para com Portugal, como o recente vídeo que anda a circular parece sugerir, ao apresentar-lhes razões para nos ajudarem. Eles têm razão em não nos querer emprestar dinheiro. Estão a fazer mais por nós, do que nós próprios. Timo Soini, lider do partido True Finn na Finlândia, explica as reticências da Finlândia em emprestar dinheiro a Portugal e a futuros países em crise: Quando eu tive a honra de liderar o partido True Finn na vitória eleitoral em Abril, nós fizemos uma promessa solene em como nos oporíamos aos bailouts dos estados membros da zona euro. A Europa está a sofrer de gangrena económica de insolvência, tanto pública como privada. A menos que amputemos o que não pode ser salvo, corremos o risco de envenenar todo o sistema.
Para percebermos a natureza e os propósitos reais dos bailouts, temos de ver quem realmente beneficia com eles. Correndo o risco de sermos acusados de populismo, nós começámos pelo óbvio: Não é o Zé-povinho quem beneficia. Ele está a ser espremido e enganado de modo a manter o sistema insolvente a funcionar. É mais mal pago e mais taxado de modo a que este esquema funcione. Uma simbiose entre os políticos e a banca tomou forma: Os nossos líderes políticos pedem cada vez mais dinheiro emprestado para pagar aos bancos, que por sua vez emprestam cada vez mais dinheiro aos governos.

Numa verdadeira economia de mercado, as más escolhas são penalizadas. Em vez de se aceitarem as perdas nos investimentos irresponsáveis - que levariam ao provável colapso de alguns bancos, decidiram transferir essas perdas aos contribuintes na forma de empréstimos, garantias e construções opacas como é o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. O dinheiro não serviu para ajudar as economias endividadas. Fluiu através do BCE e dos estados que o pediram para os cofres dos grandes bancos e fundos de investimento. Nenhum estado queria esta "ajuda", não desta forma. A opção natural para eles seria admitir a insolvência e deixar os bancos privados falir, onde quer que fosse a sua sede. Mas não foi o caso. A Irlanda foi forçada a pedir emprestado. O mesmo aconteceu com Portugal.
Porque é que o esquema de extorsão de Bruxelas-Frankfurt forçou estes países a aceitar o dinheiro, juntamente com planos de "recuperação" que eventualmente não vão funcionar? Porque precisaram de agradar à banca, que de outra forma poderia recusar-se a comparecer nos próximos leilões de dívida da Espanha, Bélgica, Itália ou mesmo da França. Mas, para mal deste cartel político e financeiro, o plano deles não está a funcionar. Já debaixo deste esquema, a Grécia, a Irlanda e Portugal estão arruinados. Nunca vão conseguir poupar e ao mesmo tempo crescer rápido o suficiente para pagar as dívidas com as quais Bruxelas conseguiu selá-los com o pretexto de os salvar.

O Mecanismo de Estabilização Europeu não é solução. Iria institucionalizar o sistema de transferências de riqueza dos cidadãos privados para políticos inúteis e banqueiros falidos, criando um enorme malefício moral e destruindo o que resta do sistema bancário competitivo da Europa.
Felizmente, não é tarde demais para parar a podridão. Para os bancos, precisamos de testes de stress sérios e honestos. Temos de parar os actuais testes inspirados em farsa política. Precisamos de opiniões paralelas vindas de reguladores e grupos independentes, incluindo detentores de acções e académicos. Os bancos insolventes e as instituições financeiras têm de ser eliminados, acabando com ainda solvência do sistema. Temos de restaurar o princípio de mercado que é a falência como possível cenário.
Se alguns bancos são recapitalizados com dinheiro do contribuinte, os contribuintes deviam ter acções em troca, e toda a administração em funções até esse ponto despedida em massa. Mas antes que qualquer participação dos contribuintes seja contemplada, é essencial aplicar grandes cortes aos detentores de dívida. Para a divida soberana, a opção da falência é essencial. Para a recuperação genuína, são necessárias reestruturações significativas. Sim, os mercados vão punir os estados que entrem em incumprimento, mas também são rápidos a perdoar. Os planos actuais estão a destruir as economias reais da Europa, através de impostos elevados e da transferência de riqueza das famílias comuns para os cofres de estados e bancos insolventes. Uma reestruturação que deixasse o peso da dívida de um país num nível aceitável e encorajasse um regresso de políticas orientadas ao crescimento levaria a um rápido retorno aos mercados de dívida internacionais.
Isto não é apenas sobre economia. As pessoas sentem-se traídas. Na Irlanda, os partidos que formaram um novo governo prometeram responsabilizar os detentores de títulos de dívida, mas sucumbiram à pressão, deixando os eleitores desapontados. As elites em Bruxelas disseram que a Finlândia teria de honrar os seus compromissos com os seus parceiros europeus, mas Bruxelas não se manifesta sobre os compromissos dos seus próprios políticos têm para com os seus eleitores. Enquanto crescia, ensinaram-me que a guerra genocida nunca mais deve ser revisitada no nosso continente e vim a perceber os valores e princípios que originalmente motivaram a criação do que mais tarde se tornou na União Europeia. Esta Europa, esta visão, era uma que oferecia às pessoas da Finlândia e de toda a Europa a dádiva da paz fundada na democracia, liberdade e justiça. Esta é uma Europa que vale a pena ter, por isso é com grande preocupação que vejo este projecto ser posto em causa por uma elite política que prefere sacrificar os interesses do povo europeu para proteger certos interesses corporativos.



João Granchinho (Este artigo foi retirado do Wall Street Journal)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

FUNDOS DE EDGE DINHEIRO NA CRISE DE DÍVIDA DA ZONA EURO

A turbulência económica que agitou a Europa no ano passado resultaram em grandes lucros para alguns importantes fundos de hedge dos EUA, com os negociadores a apostarem correctamente em quedas na área do euro, queda de rendibilidade das obrigações nos EUA, e outros eventos globais.
A habilidade de fazerem manobras rápidas para responderem a eventos individuais foi paga em 2010 por empresas como a Caxton Associates. Um menor número de gestores de fundos de hedge, aposta nas tendências do mercado global, como mudanças nos títulos, moedas e commodities.
A Caxton Global Investment, que tem 10,5 biliões dólares americanos no âmbito da gestão, ganhou para cima de 10%, segundo uma pessoa familiarizada com os resultados do fundo. A gestora de fundos Moore Macro, possui US $ 4 biliões geridos pelo titã Louis Bacon, desencadeou no final do ano passado retornos de cerca de 11,5%. (O emblemático fundo de Moore da Moore Global Investments, subiu cerca de 4 por cento.)
Um novo fundo hedge menor em Nova York dirigido por um operador pouco conhecido chamado Jeff Talpins, afastou muitos dos seus concorrentes com os retornos de cerca de 27 por cento de 15 de Dezembro de 2010.
O sucesso do fundo de Caxton no ano passado deveu-se parcialmente em parte à agilidade de negociação, em algumas mudanças que ocorreram sobre as moedas globais e as taxas de juros nos EUA e no exterior, dizem pessoas familiarizadas com a sua estratégia. Por exemplo, dizem essas pessoas, que logo após os responsáveis da zona do euro revelarem um pacote de salvamento de cerca de um trilião de dólares para as economias em dificuldades para a região no início de Maio, o director de investimentos Andrew Lei da Caxton deu ordens a curto prazo para operadores do euro. Embora a moeda tenha subido no rescaldo do anúncio, o comércio da operação curta valeu a pena nos dias que se seguiram, com retornos impressionantes. A Moore Macro veio como parte de um ano, mais fraco da Moore Global, que também é dirigido por Louis Bacon e que é responsável por cerca de US $ 8 biliões. Ferido por uma perda na aposta a curto prazo no Tesouro dos EUA, entre outras coisas, o fundo perdeu 9%. A Moore Capital, empresa de Louis Bacon fundada há duas décadas, gere um total de US $ 15 biliões.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O PASTOR DA IURD POR JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA

No congresso do PS em Matosinhos, José Sócrates deu imensas «garantias»
sobre variadíssimas coisas.
E fê-lo cheio de convicção, como se acreditasse no que dizia.
E os que o escutavam pareciam também acreditar.
Não seria aquele o mesmo homem que, dois dias antes de pedir ajuda
externa, afirmava que Portugal não precisaria de fazer nenhum empréstimo ao
estrangeiro?
Em Matosinhos, Sócrates proclamou também que o PS vai salvar o país da
crise em que a «irresponsabilidade da oposição» o mergulhou.
E atacava o comportamento do PSD, enfatizando: «Nós não vamos deixar que
se esqueça o passado».
E dizia isto sem se rir.
Como se não fosse o mesmo homem que chefiou o Governo durante os
últimos seis anos.

Sócrates dirá estas coisas com convicção ou com calculado cinismo?
Fá-lo-á inconscientemente ou terá plena consciência do que está a fazer?
Estará alucinado ou será um propagandista bem ciente do seu papel?
O caso é grave.
Ao assistir ao que se passava naquele salão de Matosinhos, eu interrogava-
me: o PS não corre o risco de ser empurrado para uma aventura por um
homem obcecado, megalómano e ansioso por uma revanche?
Aquele ambiente de hiper-excitação e glorificação acéfala do líder não será o
prenúncio do fim?
SERÁ que no PS está tudo bom da cabeça?

SERÁ que o PS se esqueceu de que, nos últimos 15 anos, esteve 12 no poder?
E de que valem as garantias de alguém que, por isto ou por aquilo, não
cumpriu quase nenhuma das promessas que fez?
As suas promessas foram caindo uma a uma: a baixa dos impostos, o
crescimento da economia, as grandes obras públicas, a diminuição do
desemprego, a criação de 150 mil novos postos de trabalho, a redução do
défice, etc., etc.
As raras promessas que Sócrates cumpriu foram as mais fáceis: a
despenalização do aborto e o casamento dos homossexuais.
Percebe-se que as pessoas continuem a apreciar a sua energia, a sua
combatividade, a sua resistência, o seu jeito para virar as culpas contra os
adversários, o seu talento de vendedor, até o seu cinismo; mas depois de todas
as cambalhotas a que assistimos, alguém de boa-fé poderá ainda acreditar nas
suas garantias ?
De há três anos para cá, José Sócrates perdeu a capacidade de se antecipar
aos acontecimentos - e passou a correr como um louco atrás deles.
Começou a tentar tapar com medidas avulsas os buracos que iam surgindo.
E, através de uma propaganda agressiva e dispendiosa, tentou criar uma
realidade artificial.
Mas a realidade acaba sempre por se impor - e o Governo viu-se forçado a
lançar mão de sucessivos PECs.
Sentia-se que o país escorregava num plano inclinado do qual não conseguia
sair.
Por essa razão, muita gente sentiu-se aliviada com o pedido de ajuda externa:
era preciso interromper aquela correria sem fim à vista.
Agora, o líder socialista continua a correr desvairadamente atrás de uma
quimera.
Recauchutado, apresenta-se como novo às eleições.

Na história que conta, tudo corria bem em Portugal - até que a oposição, num
acto irresponsável, lançou o país na desgraça.
E os socialistas fingem acreditar, porque é o que querem ouvir.
No discurso final do Congresso, quando se esperava uma intervenção
cautelosa chamando os portugueses à realidade, abrindo as portas a futuros
compromissos, preparando o país para as dificuldades que aí vêm, Sócrates
não resistiu a ser ele próprio: fanfarrão, glorificando a sua governação,
espadeirando à direita e à esquerda, prometendo mundos e fundos.
Sócrates não parecia um candidato a primeiro-ministro: parecia o pastor de
uma igreja evangélica.
E o Congresso do PS não parecia o Congresso de um partido político: parecia
um encontro da IURD.
Jaime Gama foi o único que mostrou lucidez.
O resto dos socialistas quer continuar a viver no reino da ilusão.

Helena Dias

terça-feira, 10 de maio de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A GUERRA DA MOEDA

As nações de crescimento rápido como a Tailândia estão a tentar desvalorizar as suas taxas de câmbio para reforçarem as suas economias de exportação orientada. Em Washington, onde o dólar forte tem sido montra durante anos, os decisores políticos estão a tomar medidas que o podem fazer mais fraco ainda. Os decisores políticos europeus temem que um ressurgimento do euro irá ameaçar o crescimento do seu próprio quintal. E o mundo inteiro, ao que parece, é que a China deixe a sua moeda desvalorizada, e o renminbi comece a aumentar. É um passo que Pequim, em todas as contas, não quer tomar.
Com tantas economias em dificuldades, de repente parece que é cada nação por si só nos mercados de divisas. Os decisores políticos de todo o mundo estão preocupados que os rivais económicos estejam a tentar transformar as taxas de câmbio a seu favor. Mesmo que Washington reprove Pequim sobre o renminbi, os críticos acusam os Estados Unidos e outros países ricos de travarem uma guerra de moeda internacional que nos remetem para as políticas proteccionistas dos anos 1930, quando as nações pareciam fora de si ao invés de trabalharem juntas. "Hoje, há um risco de que o coro único que cativou a crise financeira irá se dissolver em uma cacofonia de vozes discordantes, onde os países cada vez irão mais sozinhos", disse Dominique Strauss-Kahn, presidente do Fundo Monetário Internacional. "Isto", "colocará certamente toda a gente numa situação pior."
A queda abrupta do dólar para cerca de 10 por cento desde o início de Junho, contra as principais moedas está a perturbar o delicado equilíbrio das economias mundiais que ainda está a recuperar do choque da crise financeira. Muitas outras moedas, especialmente na Ásia e em mercados emergentes como o Brasil, estão a subir como resultado da queda do dólar. Economias dessas nações domésticas são cheias de atrair capital especulativo que procuram as taxas de juros mais altas e correm o risco de sobreaquecimento. A queda do dólar está sendo impulsionada por que todos nos mercados globais, estão agora à espera: mais uma rodada da chamada flexibilização quantitativa pelos Estados Unidos. A Reserva Federal deverá injectar grandes somas de dinheiro na economia, numa tentativa de estimular o crescimento.
Embora tais políticas possam beneficiar a convalescente economia dos Estados Unidos, elas também estão a atrair críticas de que Washington está deliberadamente a efectuar a desvalorização do dólar em detrimento dos outros. O dólar teve um sobressalto quando os investidores globais procuraram a moeda como um refúgio, depois de a China surpreender o mercado ao elevar a taxa de juros.
As tensões sublinham o fato surpreendente que, dois anos após o pico da crise financeira, o mundo estar em duas faixas economicamente. Grande parte do mundo em desenvolvimento, incluindo países como China e Brasil, está a crescer rapidamente, enquanto as economias industrializadas dos Estados Unidos, Japão e grande parte da Europa ainda lutam para o crescimento.
No Brasil, os funcionários foram especialmente críticos da política dos Estados Unidos. Em 27 de Setembro, o seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, mencionou pela primeira vez as tensões das moedas, como praticamente uma "guerra de câmbio, uma guerra comercial." O governador do banco central do Brasil disse esperar que o estímulo monetário de Washington "crie distorções sérias." Ao desviar as críticas, os Estados Unidos enfatizam o papel da China, uma potência cada vez maior na economia global.
Pequim continua a atrelar o valor da sua moeda ao dólar, apesar de uma imensa acumulação de reservas cambiais e superávit persistente a conta da China equivale a cerca de 10,5 por cento das suas consequências económicas de produção anual, um excedente que numa teoria monetária padrão levaria a China permitir a sua moeda subir. Como consequência da ligação ao dólar, o yuan chinês também diminuiu o que é uma razão que, apesar da queda do dólar, o deficit comercial dos Estados Unidos continua a aumentar. A fraqueza do yuan, tanto quanto o declínio do dólar, colocou pressão sobre todas as economias em desenvolvimento de todo o mundo, onde um fraco renminbi enfraquece as suas exportações e, consequentemente, o seu crescimento.
"Estamos neste conflito de moeda porque os bancos centrais tiveram de ser deslocados para a posição de serem os responsáveis políticos de última instância", disse Barry Eichengreen, professor de economia e ciência política na Universidade da Califórnia, Berkeley, num encontro recente do FMI. Os mercados financeiros esperam que o Fed anuncie na sua reunião que vai prosseguir com mais flexibilização quantitativa, envolvendo compras de títulos, o que reduz as taxas de juro de longo prazo e coloca mais pressão baixista sobre o dólar.

Isto preocupa outros países

A forte economia dos Estados Unidos é do interesse de todos, mas temem que os investidores vão fugir dos juros baixos nos índices da América e consequente queda do dólar e, em vez de colocarem capital nos seus mercados, o superaquecimento de suas economias e criar os tipos de bolhas de activos em acções e imobiliário que estourou com esses efeitos devastadores em 1990. Já há evidências de isso: o investimento em fundos de acções americanas no exterior, que estava à volta de cerca de US $ 4 biliões aumentou desde que Ben Bernanke, presidente da Reserva sugerir a possibilidade de uma nova ronda de flexibilização quantitativa. Aproximadamente US $ 19 biliões já fluíram para esses fundos, de acordo com TrimTabs, pesquisador fundos. Nas últimas semanas, os bancos centrais ao redor do globo, incluindo os das Filipinas, Tailândia, Indonésia, Malásia, Israel, Taiwan, Brasil e Japão, intervieram furiosamente nos mercados cambiais, na esperança de enfraquecerem as suas próprias moedas.
Mas os especuladores de moeda, movendo-se rápido, até agora parecem em grande parte minarem os esforços de venderem os seus dólares ao apostarem que a moeda americana vai continuar a diminuir. Nos mercados futuros de Chicago, uma das principais arenas onde os comerciantes podem tomar posições contra a moeda, as posições apostando numa desvalorização do dólar somaram 32,6 biliões dólares, perto de um recorde, segundo a empresa de investimento Nomura. Alguns países foram mais longe do que simplesmente criticar os Estados Unidos, abrangendo novas formas do controlo de entrada de capital para reduzir o investimento a curto prazo. O Brasil aumentou o imposto sobre as inundações dinheiro. A Coreia do Sul já sentiu a necessidade de verificar as entradas de capital especulativo estrangeiro.
Alguns economistas minimizam os receios de batalhas de moeda e vêem os movimentos do dólar como um reajustamento natural a uma deterioração das perspectivas económicas nos Estados Unidos. Antes o dólar sofreu de crises periódicas de fraqueza. Fortaleceu-se até 2008, mas enfraqueceu, em 2009. Em termos mais gerais, foi um declínio de longo prazo desde 2002. Alguns economistas acham que ele poderia recuperar novamente em breve. Mas outros temem que Washington deixando o dólar enfraquecer-se, pode ser perigoso porque vai alimentar as pressões inflacionárias que terão repercussões em todo o mundo. "Os Estados Unidos têm um papel importante na economia mundial para manter a estabilidade e a confiança no dólar", disse John B. Taylor, um economista de Stanford e ex-subsecretário de assuntos internacionais do Tesouro. "Se perdemos isso, poderia ser prejudicial."

domingo, 8 de maio de 2011

MEDINA CARREIRA - AS CLIENTELAS PARTIDÁRIAS NÃO ESTÃO INTERESSADAS EM APRESENTAR GOVERNOS CAPAZES

Numa entrevista dada no Meo o professor Medina Carreira deixou as seguintes afirmações:

A ALTERNATIVA À DITADURA É A POBREZA

PORTUGAL CAMINHA PARA A INSOLVÊNCIA SEMPRE QUE É GOVERNADO POR PARTÍDOS POLÍTICOS

FMI LUCRA 520 MILHÕES COM O NOSSO RESGATE

A PRÓXIMA GERAÇÃO SERÁ A DESGRAÇADA E NÃO A À RASCA


PARA VEREM A ENTREVISTA CLIQUEM AQUI