segunda-feira, 23 de abril de 2012

A COMUNICAÇÃO

A comunicação ou a sua falta, tem causado muitas dores de cabeça aos portugueses. Tudo o que se tem dito enegrece o horizonte imediato de uma maneira aterradora. Como se costuma dizer, tudo puxa para baixo, quando já nem se consegue levantar a cabeça.
O Governo tem razão. A situação económica herdada era, e é desoladora. Depois de uns gastos principescos e bastas modas de novo-riquismo, vemo-nos confrontados com situações de penúria, que além de alterarem, radicalmente o modo de vida, põem em causa a sobrevivência decente de grande parte da população. Durante os últimos anos esquecemos a solidariedade que devíamos ter uns com os outros. Foi-nos incutido a máxima de que todos tinham direito a tudo, e ultrapassámo-nos nos gastos e nas golpadas. À concorrência saudável que nos leva a melhorar diariamente, contrapusemos a mesquinhice de superarmos o vizinho. O Governo apesar de ter razão, não está a defender bem o seu ponto de vista. Primeiro porque quando fala em situações herdadas, não atua em conformidade, diga-se, apelando à Justiça. Em segundo lugar, a volatilidade dos mercados, a dependência da Comunidade Europeia, mais a nossa maneira de ser e estar em sociedade, leva a que qualquer previsão de datas para recuperação económica seja uma perfeita idiotice. Previsão que alimenta discursos mais ou menos contundentes, que nada criam e apenas servem para desgastar. O Governo pode não ter razão, quando nos faz lembrar o anterior senhor e as suas campanhas de criação de emprego. O desemprego só se pode combater criando empresas onde cada vez se trabalhe melhor, com custos racionalizados e com retribuição decente. A função pública a absorver mão-de-obra só para melhorar taxas de desemprego não passa de uma miragem. As dificuldades de combater o desemprego jovem são muito importantes, mas que dizer aquelas pessoas que são muito novas para se reformarem e consideradas muito velhas, quando pedem emprego?
Se a atuação do Governo está a ser correta, então que os canais de comunicação sejam uníssonos. Pior do que fazer ou não fazer, é não saber explicar o que se faz e porque se faz.

João Tavares Conceição do Jornal Povo da Beira (artigo parcial)

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