quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CAPITALISMO: A NATUREZA DO BICHO…

A agudização da crise do sistema capitalista torna cada vez mais evidentes as enormes contradições das grandes potências. A União Europeia é exemplo dessas contradições com grandes países e grupos económicos e financeiros a procurarem encontrar “saídas” que melhor sirvam objectivos, interesses e a continuação dos seus instrumentos de domínio económico e político.
Em edição recente, o director do Le Monde Diplomatique Ignácio Ramonet, disse que “por ano, a economia real (empresas de bens e serviços) cria em todo mundo uma riqueza (PIB) de 45 biliões de euros (45 milhões de milhões). Ao mesmo tempo, ainda à escala planetária e financeira, os “mercados” movem capitais na ordem de 3450 biliões de euros. Notem bem, são 75 vezes a economia real. Por isso Ramonet interroga, como pode o sistema capitalista sobreviver, indefinidamente com esta inacreditável “bolha” financeira 75 vezes superior ao PIB mundial.
Com números desta grandeza, convém recordar a natureza do bicho. O capitalismo tem uma regra de ouro – o lucro. Por outro lado, a acção produtiva que há muito gira na roda financeira que tudo move, incluindo capitais, não o garante indefinidamente…Como os capitais têm de ser “remunerados” (função da “regra de ouro”), a tentação de fazer deles a fonte central dos lucros é enorme, sobretudo quando os negócios com a “economia real” começam a claudicar por outra “falha” mortal – a falta ou a “saturação dos mercados”. Assim os capitais são transformados num “produto” transaccionavél, em busca de elevados rendimentos perdidos na produção material. Em resumo, está aqui a grelha da actual crisa: o mergulho suicida do sistema capitalista na especulação financeira para cobrir a falta de rendibilidade na economia real, praticando durante décadas um crescendo especulativo tão vertiginoso, que se chegou a este absurdo mortal de fazer circular nos mercados capitais que já vão em 75 vezes o PIB mundial.
Claro, a enorme “bolha” especulativa tinha de rebentar. Aconteceu com a “crise do subprime”. Aí, os governos (com EUA à cabeça) canalizaram rios de dinheiro dos seus povos para tapar este “buraco” desmedido e manterem o sistema intocavél.
O resultado é a especulação e o “jogo dos mercados” continuarem com novos aliciantes: o desastre da bolha especulativa foi-nos apresentado como a razão da “crise”, com os governos/mandatários dos interesses do grande capital – a tratarem de converte-la num óptimo pretexto para espoliar os povos de direitos adquiridos e os “mercados” atirarem-se vorazmente ao negócio das “dívidas públicas”, onde pontificam os próprios bancos europeus que “generosamente emprestam” e sacam juros delirantes aos parceiros da EU em dificuldades com o défice. Assim tudo está em causa. Moeda única, EU e o próprios sistema capitalista, devido à insustentável burla especulativa com capitais que correspondem a 75 PIB mundiais.
Também, é cada vez mais intolerável e inadmissível o ataque contra os trabalhadores e o povo, por um Governo reaccionário que se escuda nesta periclitante conjuntura para tentar “limpar” do País, tudo o que tenha, ainda a ver com o Portugal de Abril e conquistado ao longo de décadas pelos portugueses, nomeadamente a riqueza do seu País escudada em empresas com negócios monopolistas e ainda rentáveis.
Desrespeitando e violando leis, acordos e a Constituição da República.

CARLOS VALE

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