domingo, 27 de fevereiro de 2011

PROCESSO, PROGRESSO, REGRESSO, RETROCESSO

As Câmaras Municipais estão a colocar as aldeias às escuras, à noite desligando, as luzes para não gastarem energia. Há cinquenta/sessenta anos atrás as aldeias também não tinham electricidade, nem de noite nem de dia.
Leio nos jornais que a moda deste ano vai ser os espartilhos e os soutiens feitos de materiais duros como a corticite. Há cinquenta, sessenta anos atrás, as mulheres usavam espartilho.
Os responsáveis pela, segurança Rodoviária querem instituir a velocidade máxima nas localidades de 30 km/h. Era isso que acontecia há cinquenta/sessenta anos atrás, quando em vez de automóveis havia, carroças nas ruas. Já não estaremos muito longe desse futuro devido à escalada do preço do petróleo e falta de uma energia alternativa à escala mundial.
Também li que, devido ao aumento do preço do tabaco, já há muita gente que retomou o hábito de fumar o tabaco de enrolar, tal como era frequente há cinquenta/ sessenta anos atrás.
Devido à carestia dos transportes, já há muita gente, em Lisboa, a andar nos transportes públicos (foi o telejornal que o demonstrou, há dias). Tal e qual como antes, há cinquenta/sessenta anos atrás, quando as pessoas iam para o emprego de cacilheiro, de autocarro, eléctrico ou de comboio.
Por causa do desemprego e dos cortes que os nossos embriagados governantes estão a fazer, já se vêem pessoas a fazer hortas na periferia de Lisboa, produzindo couves, batatas, feijões e cebolas, nos cantinhos abandonados das urbanizações. Tal como faziam os seus pais e avós, há cinquenta/sessenta anos atrás. Se querem ganhar dinheiro no futuro comecem a comprar todas as parcelas de terreno de solo arável ao redor das grandes cidades porque os custos dos transportes e do encarecimento do combustível já está a provocar um encarecimento vertiginoso dos bens alimentares.
Aliás, retoma-se actualmente o conceito de “agricultura biológica” que se fazia há cinquenta/sessenta anos atrás, antes de surgir a praga dos adubos industriais. E andam por ai engenheiros a ensinar técnicas de compostagem que era o que se fazia, há cinquenta/sessenta anos, ao aproveitar resíduos orgânicos, chamava-se-lhe estrume.
Li num jornal diário e vi uma peça de noticiário da televisão que as cabras estão a ser utilizadas para prevenir os incêndios florestais, mandando-as pastar para as florestas comer aquilo que, não sendo eliminado, constitui combustível propício à deflagração dos incêndios. Essa técnica era amplamente utilizada há cinquenta/sessenta anos atrás. Hoje para os combatermos temos uma protecção civil a gastar milhões e com um comandante a encher os bolsos com um saco azul, segundo as últimas notícias.
O mais interessante é que tudo isto está a acontecer em nome do futuro, recuperando aquilo que havia no passado.
Como lhe chamar? Processo? Progresso? Regresso? Ou retrocesso?

3 comentários:

  1. Está bem visto. Quanto às terras aráveis, espero nunca precisarmos de chegar a esse ponto. Mas isso já está a acontecer nos Estados Unidos e isso não se vê nos media. Cidades de tendas onde as pessoas que perderam as suas casas e os seus bens em hipotecas se juntam aos milhares, e onde lavram a terra local para conseguir alimentos, e fazem pequenos trabalhos para a comunidade em troca de bens e serviços. Estão também a surgir novas moedas de troca para além do dólar.

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  2. MEU COMENTÁRIO
    Brilhante! Tão brilhante que para mim é como OS LUSÍADAS. Só tenho pena de não ter sido eu a escrever este texto.
    A parte das cabras está no meu
    http://lopesdareosa.blogspot.com/2010/09/ordenamento-da-floresta-quem-foi-que.html

    No entanto essa parte, a da "agricultura biológica" ( antigamente chamava-se lavoura) e a das "Hortas Urbanas" já as vejo (agora) defendidas por aqueles que destruíram essas mesmas práticas.

    Destruiram a ruralidade - agora querem cabras no monte!

    Destruíram a lavoura - agora querem a "agricultura biológica" que ao fim e ao cabo vem dar ao mesmo.

    Enterraram solo arável debaixo de betão e cimento armado ( para a expansão das cidades, diziam) agora defendem a "novidade" das "hortas urbanas"

    É o Portugal dos reconvertidos que tem no Presidente a sua máxima expressão!
    Discurso de segunda posse; tudo ao contrário do que praticou durante dez anos como Primeiro Ministro!
    TONE DO MOLEIRO NOVO

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  3. Ainda há quem diga que a história se não repete...em Portugal, repete-se!

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