Os portugueses sentem-se
perdidos. Desiludidos com Passos Coelho, não veêm na oposição uma alternativa credível
e de Cavaco Silva já não esperam qualquer solução.
Ao fim de um ano de mandato,
Passos vive dias difíceis. Tem contra si a opinião pública, por causa das
promessas não cumpridas. depois de se ter comprometido a não baixar os salários
e a não aumentar os impostos, fez exactamente o contrário e conta agora com o
divórcio da maioria dos portugueses. Ainda por cima, a população não entende a
razão de ser destes sacrifícios. Em primeiro lugar, porque eles não são
igualmente repartidos. A Banca mantém os seus privilégios, as rendas pagas à
EDP ou nas parcerias público privadas não param de crescer. E, além do mais,
nem sequer as contas públicas se reequilibram, até aumentando o défice; pois,
apesar do aumento de impostos, a colecta reduz-se, o ministro das Finanças não
cessa de errar nas suas previsões. É o descalabro das contas públicas. Dentro
do seu governo é chamuscado pelo escândalo relvas. Não conta com a
solidariedade do seu parceiro de coligação, o PP (Paulo Portas), cujo principal
objectivo é fazer campanha por si e pelos seus ministros. A deslealdade é, aliás,
uma marca histórica no PP, vem de longe. Mas até do interior do PSD saltam
farpas para o primeiro-ministro. Os barões conspiram diariamente contra Passos.
Esperançados numa escorregadela do governo, cavaquistas, elitistas e
barrosistas espreitam a sua oportunidade. por outro lado a oposição socialistas
descredibiliza-se. o sei líder, Seguro, apresenta um discurso vácuo e
inconsequente. ao fim de longos meses de mandato, ainda ninguém percebe o que
pensa seguro sobre qualquer matéria de relevo. Num PAÍS sem governo e sem
oposição, já nem o Presidente tranquiliza os portugueses. Descredibilizado pela
gaffe da sua “modesta” reforma, Cavaco arrastar-se-á até ao fim do mandato,
vaiado nas ruas. Resta-lhe o papel de comentador da actualidade. Mas essa
função Marcelo desempenha melhor. Com o desemprego a subir para uma dimensão
perigosa, na ordem dos 15% estatisticamente porque na realidade deve estar nos
18%, as famílias em dificuldades económicas, as empresas descapitalizadas e a classe
política completamente descredibilizada – é o futuro que está posto em causa
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