quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

DA ALEMANHA COM AMOR

Aproxima-se mais um dia dos namorados. Dia em que se fazem juras de amor, alguns declaram-se pela primeira vez e outros repetem juras feitas depois de muitos anos passados.
Em Portugal, porém, a “relação” mais séria a que se tem assistido é com a “troika” e com a espécie de “sogra”, Alemanha. No entanto nesta “relação” pseudo-“amorosa”, tal como em qualquer outra, há episódios bons e maus. Estes, alternam entre cenas que parecem saídas de um jovem casal de namorados, como quando se vêm os ministros das finanças português e alemão, a trocar “segredinhos” (quiçá de “amor” financeiro) e cenas mais dignas de um casal, já com anos de casamento, quando um parece já estar farto e se limita a “aturar” o outro, como quando Angela Merkel fez acusações gratuitas à Madeira.
Para completar o “triângulo amoroso”, resta falar nas afirmações do actual presidente do parlamento europeu, Martin Schulz, que criticou o facto de Pedro Passos Coelho procurar investimento fora do espaço europeu, nomeadamente em Angola (e também na China).
Ora isto mais parece a reacção de uma namorada que apanha o seu “mais que tudo” nos braços de outra e não entende o que ela própria fez, que pudesse levar a tal situação.
Se na Europa se vive uma crise generalizada da dívida e a verba para investimentos é doseada a conta-gotas, onde quereria este senhor que nós fossemos buscar investidores para as privatizações? Alejo Vidal-Quadras, um dos vice-presidentes da instituição europeia, membro do grupo do Partido Popular Europeu, defendeu que o presidente Martin Schulz foi até há pouco tempo presidente do grupo socialista do Parlamento Europeu, logo, ainda não se terá adaptado às novas funções e «levará uns meses a compreender que não é chefe de um grupo político, mas presidente de todos os parlamentares». Ou isso, ou ficou chateadíssimo por o negócio da EDP não ter ido parar à Alemanha…
Mas a Alemanha é realmente uma “amante ingrata” e com aparente “dupla-personalidade”. É que nos habituámos a ver Angela Merkel apelar à austeridade e cortes salariais, como sendo o “caminho das pedras” para a “salvação”, dos países afectados pela crise e eis que, quando a coisa toca à Alemanha, a ministra alemã do Trabalho vem a público dizer que os salários no país deviam ser aumentados por uma questão de partilha do sucesso empresarial! Sim, “sucesso empresarial” que se torna mais fácil “estrangulando” com austeridade a concorrência europeia e criticando países europeus que tentam arranjar investimento de outros pontos do globo, existindo no entanto empresas alemãs, (ex.: Volkswagen e BMW) com produção na China!
Para completar toda esta “teia de relações”, eis que vem uma “antiga paixão” nacional, o ex-ministro Teixeira dos Santos, defender que Portugal não tem alternativa a não ser avançar com as privatizações, não por estarem no memorando com a troika, mas por não haver mais alternativas, sendo necessário que o Estado passe de proprietário a regulador! Bem, ele lá saberá bem o que já vem de trás.
Para finalizar, mudemos de assunto e aproveitando o dia de S. Valentim, desejo a todos os casais mais (ou menos) enamorados que aproveitem este dia como um dia de exemplo do que deverá ser replicado por todos os outros dias que passem ao lado da vossa “cara-metade”.

Artigo de Nuno Duarte M. Figuinha publicado no Jornal Povo da Beira

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